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ADN identifica primeira evidência de gémeos no Paleolítico. Bebés foram enterrados há 30 mil anos na Áustria

R. Thomas / Austrian Academy of Sciences

Os corpos dos gémeos na cova onde foram enterrados

Foram descobertos restos pré-históricos que contêm as primeiras evidências de gémeos encontrados em qualquer lugar do mundo. Os dois bebés, do sexo masculino, foram descobertos em 2005 no importante sítio arqueológico de Krems-Wachtberg, na Áustria, mas só agora se percebeu a sua parentalidade.

Enquanto executava escavações em Krems-Wachtberg, uma arqueólogo encontrou uma sepultura oval, na qual se encontraram os restos mortais de duas crianças.

A equipa de pesquisa publicou no dia 6 de novembro um artigo na Nature no qual explica que os bebés foram encontrados “incrustados em ocre vermelho e colocados lado a lado em posições flexionadas, virados para leste, e com os crânios apontando para norte”.

Os arqueólogos acreditam que a terra vermelha ocre ajudou a preservar os restos mortais. Contudo, os restos mortais não estavam sozinhos. É que dentro do túmulo, os especialistas encontraram também pertences como “contas requintadas feitas de marfim de mamute”, conchas e um dente de raposa.

Na era paleolítica, altura que em que as crianças viveram, estes bens eram depositados juntamente com os mortos para que estes lhes dessem uso na sua vida após morte (que acreditavam ter), ou então, que os doassem como oferendas aos deuses.

Para determinar o sexo, a idade e a relação parental dos dois bebês, foram extraídas amostras de ADN dos seus crânios. Desta forma a equipa percebeu que ambos eram homens, e que mais do que isso, eram gémeos idênticos.

Esta é uma descoberta surpreendente, confirmada pelo uso de uma técnica morfométrica dos ossos e também por uma análise aos seus dentes. Uma das crianças morreu cerca de seis a sete meses após o nascimento. Segundo o Ancient Origins esta conclusão só foi possível depois de se obter uma estimativa mais precisa da idade, através da medição do comprimento dos ossos.

De acordo com os arqueólogos, o túmulo do primeiro gémeo a morrer foi reaberto e o seu irmão foi colocado ao seu lado.

A equipa referiu na Nature que “evidências confirmadas de gémeos no registo arqueológico são extremamente raras e nunca foram verificadas por uma análise de ADN”. Esta descoberta foi agora considerada a primeira evidência conhecida de gémeos no registo arqueológico. Com base nas pesquisas, os restos mortais encontravam-se no local há cerca de 30.000 anos.

Os investigadores também encontraram o túmulo de outro bebé próximo ao dos dois irmãos. Mas esta descoberta já não foi uma surpresa, uma vez que nas sociedades antigas a taxa de moralidade entre os recém-nascidos era muito alta. Contudo, a criança encontrada noutro túmulo era primo dos gémeos.

Para a equipa, a descoberta de túmulos infantis “são de muita importância, dada a raridade de restos humanos imaturos dessa época”. Além disso, como foram encontrados no seu contexto original, podem ajudar a perceber crenças e práticas pré-históricas. Esses túmulos infantis podem nos ajudar a compreender a sociedade paleolítica.

ZAP //

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