A Super Terça-Feira do tudo ou (provavelmente) nada

Michael Reynolds / EPA

As eleições primárias dos EUA na próxima terça-feira podem decidir a escolha dos candidatos presidenciais, sendo cada vez mais provável uma repetição do duelo entre o republicano Donald Trump e o democrata Joe Biden.

Estas eleições poderão ser decisivas para os dois partidos norte-americanos, especialmente para o Partido Republicano, que escolhe nesta “Super Terça-Feira” (como é chamada) 874 delegados (36%) dos 2.429 que na Convenção de julho vão escolher o seu candidato para as eleições presidenciais de novembro.

Neste dia votarão os eleitores de 15 estados e de um território: Alabama, Alaska, Arkansas, Califórnia, Colorado, Maine, Massachusetts, Minnesota, Carolina do Norte, Oklahoma, Tennessee, Texas, Utah, Vermont e Virgínia e o território de Samoa Americana.

No Partido Democrata, Biden praticamente não tem adversários para esta Super Terça-Feira, esperando-se que volte a vencer com facilidade Dean Phillips e Marianne Williamson, depois de quatro eleições primárias onde já arrecadou 449 delegados, contra nenhum dos outros dois.

No Partido Republicano, o ex-presidente Donald Trump chega à Super Terça-Feira com uma vantagem de 122 delegados contra 24 delegados de Nikki Haley, a ex-embaixadora que persiste em manter-se em campanha, apesar de uma desvantagem que se deve tornar inultrapassável na próxima semana.

Esta semana, Haley sofreu uma inesperada derrota, com mais de 20 pontos de diferença, nas eleições na Carolina do Sul, estado que duas vezes a tinha eleito Governadora.

Segundo a agência Reuters, que cita responsáveis das duas candidaturas, a grande vitória de Trump resultou de uma campanha metódica e impiedosa, destinada a eliminar Haley como ameaça.

Em dezembro, Nikki Haley tinha dito que a viragem nestas primárias começaria na Carolina do Sul. Em vez disso, diz a Reuters, a derrota no “seu” estado poderá ter sido o golpe fatal na campanha da antiga governadora.

Esta é assim a Super Terça-Feira do tudo ou nada para Nikki Haley. Será, provavelmente, nada. As sondagens indicam que Trump poderá obter uma vantagem de delegados que poderá obrigar Haley a retirar-se da corrida, apesar de muitos financiadores dos republicanos continuarem a investir na ex-embaixadora.

Por outro lado, o desempenho da candidatura de Trump abaixo do expectável tem servido como sinal de alerta para o Partido Republicano, perante as dificuldades que se esperam, em alguns nichos de eleitorado, no confronto com os democratas.

Falta saber, por exemplo, se na Super Terça-Feira Trump continuará a revelar debilidades junto dos eleitores com frequência de ensino superior, onde Haley tem vencido sistematicamente o ex-presidente.

No Partido Democrata, Biden não deverá ter qualquer problema para voltar a vencer os seus dois únicos adversários, mas os consultores do Presidente continuam preocupados com a falta de entusiasmo dos eleitores.

Nas primárias do Michigan, o problema de Biden não foram os adversários, Phillips ou Williamson, mas antes os eleitores que disseram não gostar de nenhum dos três candidatos, já que 13% escolheram a opção “não comprometido”.

Os analistas interpretaram estes votos “não comprometidos” como uma forma de protesto contra a posição da Casa Branca em favor de Israel, no conflito do Médio Oriente, num estado com uma forte minoria árabe.

Contudo, os consultores do Partido Democrata temem que os eleitores das primárias da Super Terça-Feira acentuem o número de votos descomprometidos, revelando as fragilidades do Presidente, que continua com baixos valores de popularidade.

ZAP // Lusa

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