A inteligência dos corvos permitiu-lhes conquistar o mundo – mesmo nas condições mais agrestes

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Os corvos conseguiram expandir-se por todo o mundo, em parte por serem tão grandes e inteligentes, sugerem novos estudos. Nestes, os investigadores descobriram que os corvos têm maiores envergaduras de asas, cérebros e corpos do que outras aves da família Corvidae.

“Hipotecamos esta combinação de características muito convenientes foi o que permitiu a este grupo de aves colonizar e diversificar em todo o mundo”, explicou Joan Garcia-Porta, investigador na Universidade de Washington em St. Louis, e é agora geneticista na Universidade de Barcelona, num comunicado.

Os integrantes da espécie têm provado sistematicamente a sua inteligência: compreendem o conceito de zero e podem utilizar planeamento e ferramentas em várias etapas para aceder a petiscos saborosos. Têm também demonstrado rivalizar com os grandes símios na sua inteligência, de acordo com um estudo de 2020 na revista Scientific Reports.

O que pode ser menos conhecido é que os corvos vivem em todos os tipos de ecossistemas em todo o mundo, desde os desertos mais quentes até às tundras congeladas mais proibitivas. No entanto, a forma como conseguiram alcançar e prosperar em todos os nichos do planeta tem permanecido um mistério.

Para descobrir como estas aves conquistaram o mundo, Garcia-Porta e os seus colegas mediram os ossos de 96 espécimes de espécies modernas de corvos alojados em museus de todo o mundo, bem como de três espécies extintas, destaca a Live Science. A equipa também mediu o tamanho do cérebro de 76 espécies da família Corvidae (ou como são vulgarmente conhecidos: corvos-marinhos).

Os investigadores criaram então uma árvore genealógica para os corvos com base em dados genéticos e desenvolveram um modelo informático para estimar quando os corvos chegaram pela primeira vez a novas regiões e quão rapidamente se adaptaram a essas regiões.

Acontece que corvos têm corpos e envergaduras de asas maiores do que membros da sua espécie, tais como as pegas e gaivotas, notam os investigadores no novo estudo, publicado a na revista Nature Communications. Esta maior envergadura de asas permitiu-lhes voar mais longe e povoar novos ecossistemas mais facilmente do que os seus familiares mais próximos. Sendo maiores também permitiram aos corvos competir fisicamente com outras aves, os investigadores apontam.

Uma vez estabelecidas num novo ecossistema, a maior flexibilidade mental destas aves permitiu-lhes adaptar-se a ambientes muito diferentes. Isto significava que as espécies persistiam em novos ambientes, mesmo quando os seus corpos ainda não se tinham adaptado ao clima nas suas novas casas, por exemplo.

“Parece mesmo que a sua incrível flexibilidade comportamental pode ter desempenhado um papel importante ao permitir que estas aves sobrevivessem a períodos iniciais de má adaptação e se aguentassem o tempo suficiente para que a seleção apanhasse e produzisse uma série de novas espécies no processo”, explicou um dos autores do estudo, Carlos Botero, biólogo da Universidade de Washington em St. Louis, em comunicado.

ZAP //

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