O Chega quer ficar com a sede do CDS-PP, no Largo do Caldas, em Lisboa. Nuno Melo já pôs um travão nas pretensões do partido, assegurando que os democratas-cristãos vão continuar no edifício.
O presidente do CDS-PP afirmou, esta quarta-feira, que o partido não tem intenções de deixar o edifício da sua sede nacional, no Largo do Caldas, em Lisboa.
A CNN Portugal noticiou, no domingo, que o Chega ia fazer uma oferta de compra ou arrendamento do edifício em questão. Segundo fonte do partido, o Chega está disposto a pagar pelo espaço, em caso de compra, até 7 milhões de euros, ou, em caso de arrendamento, até 5 mil euros por mês.
Numa nota enviada às redações, e sem referir o nome do partido liderado por André Ventura, o centrista Nuno Melo responde ao facto de o Chega ter tornado público o interesse no edifício.
“Para o que importa, em relação a uma sede de que gostamos muito, com contrato válido e as rendas pagas, de que só sairemos um dia se quisermos — e não queremos”, reitera Nuno Melo, citado pelo Observador.
“Todos conhecemos pessoas que apareceram de repente com maços de notas no bolso, sem que se percebesse sequer bem de onde veio o dinheiro”, atira ainda. Recorde-se que, nas legislativas de janeiro, o Chega conseguiu eleger 12 deputados, o que aumentou exponencialmente a subvenção do partido.
“Sabemos também que, infelizmente, só por si, dinheiro, nunca significou gosto e principalmente, educação e valores”, acrescenta, em comunicado.
O líder do CDS-PP refere que tem sido alvo de questões sobre a sede e defende que, “tendo em conta o motivo, tão abaixo de tudo o que é a decência na política, o caso não mereceu nem merece comentários”.
De acordo com a CNN Portugal, o Chega ia enviar na passada segunda-feira uma carta ao Patriarcado de Lisboa, proprietário do edifício, a pedir valores de referência e modalidades de pagamento. Questionada pela Lusa, a assessoria de imprensa do partido indicou que “acha que seguiu logo na segunda-feira” essa comunicação.
No entanto, fonte oficial indicou à Lusa que “o Patriarcado de Lisboa não recebeu até à data nenhuma carta do Chega”.
Nas últimas eleições legislativas, o CDS perdeu representação parlamentar e, segundo o Expresso, ficou reduzido a uma subvenção de cerca de 22 mil euros por mês. A receita é escassa para pagar os salários a dezena e meia de funcionários e o aluguer de várias sedes.
Sair da sede histórica do Caldas – pela qual paga perto de 1.200 euros por mês à Câmara Municipal de Lisboa – está a merecer alguma resistência por parte da direção centrista. A saída teria de resultar de uma negociação a três: entre o CDS, o Patriarcado e a autarquia liderada por Carlos Moedas.
Mais do que a situação do CDS, um histórico da democracia, por muito que outros tentem escamoteá-lo, o preocupante (para a transparência, pelo menos) é um partido que ainda não conta meia dúzia de anos de existência ter condições para fazer uma oferta desta magnitude.
Creio que há muita coisa a explicar no Chega. A origem destes 7 milhões é só uma delas.
Recordo-me, em tempos idos, de ter ficado célebre a alegação de um milhão em notas que entrou, precisamente, no Largo do Caldas. Estará o Chega à espera que esse e outros milhões ainda por lá andem?
Ficavam tão bem juntos…