Mais de 75% da população mundial tem pouco ou nenhum acesso a analgésicos opióides para tratar a dor, incluindo mulheres em trabalho de parto ou doentes de cancro, criticou esta segunda-feira a Comissão Global de Políticas sobre Drogas.
“Cerca de 5500 milhões de pessoas têm pouco ou nenhum acesso a analgésicos opióides, em particular à morfina, o que resulta em dor e sofrimento evitáveis em todo o mundo”, indica o relatório “O impacto negativo do controlo de drogas na saúde pública: a crise global da dor evitável”, apresentado pela Comissão Global de Políticas sobre Drogas numa conferência internacional em Kuala Lumpur, na Malásia.
“Os doentes terminais de cancro, em fase terminal de VIH e as mulheres em trabalho de parto, que sofrem de dor extrema, estão entre os grupos mais afetados”, refere o documento.
Um dos principais responsáveis por esta situação é a política dominante de “evitar o desvio de substâncias controladas com fins ilícitos, além de assegurar o acesso para fins médicos e científicos”.
Para evitar que milhões de pessoas sofram de dor por falta de acesso a medicamentos controlados, a comissão defende a atualização das tabelas de convenções de drogas de 1961 e 1971 com as descobertas científicas posteriores.
Recomenda igualmente que se dê “alta prioridade ao tratamento da dor física e mental, assegurando o acesso a medicamentos controlados”.
Nos lugares onde não estão disponíveis, “os governos deviam dispor do financiamento necessário para um programa internacional (…) para assegurar o acesso adequado e razoável a medicamentos controlados”, propõe a comissão.
Os opióides são, para já, a melhor alternativa para solucionar a dor moderada a grave, não tendo sido descoberto até ao momento um melhor tratamento.
/Lusa