Síndrome de Pedro e o Lobo: ignorou SMS “falsas” sobre contas em atraso (e eram reais)

Vivemos numa era cada vez mais cinzenta da comunicação. Fica muito difícil distinguir o que é real ou não. Grande parte das mensagens tenta atrair-nos para golpes com falsas emergências financeiras. Mas… e se são verdade?

Bloqueamos e-mails suspeitos e apagamos SMS que exigem dinheiro de uma suposta conta em atraso. Depois, a vida segue. Em princípio, não era mesmo uma empresa verdadeira a pedir dinheiro real que lhes devemos… a não ser que seja.

Foi isso que aconteceu a uma mulher de 47 anos, nos EUA.

Ashley estava sempre a receber mensagens de texto que pareciam ser fraudes óbvias. Tinham links para “pagar agora”, surgiam do nada e pareciam-se com qualquer uma das várias tentativas de phishing que todos nós recebemos por SMS e e-mail. Ela fez o que quase todos nós já fizemos: apagou-os.

Não o devia ter feito, porque, afinal, eram contas verdadeiras.

Por um lado, Ashley tem culpa de não estar atenta às suas faturas. Por outro lado, não tem culpa de viver numa era cinzenta da comunicação, repleta de links suspeitos e onde é cada vez mais difícil distinguir o que é real ou não.

Como conta a USA Today, em causa esteve o sistema de portagens eletrónicas da Califórnia. O carregamento automático de Ashley tinha deixado de funcionar.

Cada mensagem “fraudulenta” apagada, a mulher de 47 anos aproximava-se cada vez mais da violação da lei – e a fatura aumentava.

Só quando recebeu um “ultimato” por e-mail, notificando-a de que a sua conta tinha sido desativada e que estava prestes a tornar-se uma “criminosa de baixo nível”, é que Ashley entrou na sua conta e se apercebeu de que as mensagens não eram burlas; mas eram indistinguíveis das mensagens de burla.

As estradas californianas com portagens são geridas por uma agência chamada The Transportation Corridor Agencies (TCA).

Em declarações ao USA Today, um porta-voz da TCA admitiu que a maioria das interações de texto comunicadas à agência realmente são tentativas de phishing.

Como escreve a Vice, isto é uma espécie de assunção de culpas de que receber uma mensagem em nome da TCA é um jogo de roleta russa: tanto pode ser mesmo a empresa, como pode ser um burlão.

Se suspeitar que uma mensagem possa ser real, nunca abra links nem responda. Procure saber junto da entidade a veracidade da mesma.

ZAP //

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