Um dos directores dos Canucks foi avisado, durante um jogo, por uma adepta dos Kraken. E Nadia tinha razão.
Em início de época em tantas modalidades desportivas, recordamos o que aconteceu no início da temporada 2021/22 da National Hockey League (NHL).
Foi mesmo no primeiro jogo de sempre em casa dos Seattle Kraken, equipa que se estreou na NHL nessa época. O jogo histórico era contra os Vancouver Canucks, que venceram por 2-1.
Mas o jogo foi histórico para um dos directores da equipa visitante. Por um motivo nada relacionado com hóquei no gelo.
Nadia Popovici, adepta de Seattle, viu um director de Vancouver a passar mesmo à sua frente, no banco de suplentes da equipa visitante.
Começou a bater insistentemente no vidro que separa sempre a bancada do recinto de jogo. O director rival estava a ignorar, no início. Até que a adepta conseguiu chamar a atenção de Brian Hamilton, responsável pelos equipamentos dos Vancouver Canucks.
Nadia estava a insistir porque queria deixar um recado a Brian: a pinta que ele tinha na nuca era cancro de pele.
A adepta dos Kraken, que estudava medicina na altura, olhou para a nuca do director de Vancouver e reparou que aquilo era melanoma – um tipo de cancro de pele, grave, que tem origem nas células da pele produtoras de pigmento, os melanócitos.
Era 2021, eram tempos fortes da COVID-19, toda a gente com máscaras, muito barulho no pavilhão. Brian nem ouvia Nadia. Como passar a mensagem?
A adepta pegou no telemóvel e escreveu “A pinta que tens na nuca é cancro”. Encostou o telemóvel ao vidro, mostrou ao director.
A adepta tinha razão: o director dos Vancouver Canucks fez exames, que confirmaram o cancro de pele. Como ainda estava em fase inicial, os médicos conseguiram remover o melanoma maligno sem dificuldades. Se tivesse ignorado o sinal, em quatro ou cinco anos iria morrer.
E encontrá-la?
Obviamente, Brian Hamilton, e a própria equipa Vancouver Canucks, queria encontrar aquela pessoa.
Mas como? Sem nome, sem morada. Era apenas uma das 15 mil pessoas que estavam no pavilhão naquele dia.
A equipa canadiana foi ao Twitter, logo no primeiro dia de 2022, para pedir ajuda: encontrem esta “pessoa especial”.
“A esta mulher que estou a tentar encontrar: tu salvaste a minha vida, e agora quero encontrar-te para dizer muito obrigado!”, escreveu Brian.
Aquele apelo foi partilhado por milhares de pessoas. E chegou à mãe de Nadia: “É a minha filha. Foi ela que reparou e quis mesmo avisá-lo para o caso de ele não estar consciente da situação. Ela não faz ideia do que está a acontecer porque está a dormir”, escreveu a mãe, entre sorrisos.
No jogo seguinte entre essas duas equipas, os dois conheceram-se.
A certa altura, o jogo foi interrompido para Nadia Popovici ser aplaudida por todo o pavilhão.
E ainda havia um extra, que a jovem de 22 anos não sabia: as duas equipas juntaram-se e ofereceram 10 mil dólares a Nadia para ajudá-la nas despesas da faculdade de medicina.
Nadia, emocionada, ficou incrédula. Brian bateu no vidro e fez-lhe sinal: “Obrigado. Tu mereces”.