As adolescentes espanholas descobriram o OnlyFans. É muito melhor do que trabalhar

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A modelo norte-americana Sophie Rain, de 20 anos, faturou 43,5 milhões de euros no seu primeiro ano no OnlyFans

Muitas adolescentes espanholas, algumas com apenas 12 anos, olham para o OnlyFans como uma alternativa apelativa ao trabalho tradicional. Têm boas razões para isso: no ano passado, a modelo Sophie Rain ganhou 43 milhões de euros com o seu canal na plataforma de conteúdo erótico.

Um novo estudo, apresentado num artigo recentemente publicado na revista Sexuality & Culture descobriu que muitas adolescentes em Espanha não só conhecem o OnlyFans como também o veem como uma forma viável e até empoderadora de ganhar dinheiro.

Em discussões de grupo com mais de 160 adolescentes, os autores do estudo descobriram que as plataformas que promovem conteúdo erótico estão a influenciar a forma como os jovens — especialmente as raparigas — olham para as oportunidades económicas, a autoestima e a sexualidade.

Os adolescentes enquadraram frequentemente a criação de conteúdo como uma escolha pessoal ou expressão de autonomia, minimizando os riscos inerentes à sua exposição numa plataforma pública.

O estudo, conduzido por investigadores da Universidade de Alcalá, foi liderado pela candidata a doutoramento Kristel Anciones-Anguita, que expressa preocupação sobre o impacto da cultura digital hipersexualizada no desenvolvimento adolescente.

A equipa conduziu discussões de grupos focais com 164 estudantes do ensino secundário com idades entre os  12 e os 16 anos de áreas urbanas e rurais em Guadalajara, Espanha, como parte de um programa mais amplo de educação sexual.

“Estávamos cada vez mais preocupados com o impacto nas redes sociais da cultura digital hipersexualizada nos adolescentes, especialmente a normalização de plataformas de auto-apresentação erótica como o OnlyFans “, explica Anciones-Anguita, citada no Psy Post.

“Embora estas plataformas sejam legalmente restritas a adultos, os menores estão agora não só a aceder ao seu conteúdo como também a integrá-lo nas suas aspirações culturais e profissionais quotidianas“, realça a investigadora.

A investigação revelou que mesmo as adolescentes mais jovens possuem conhecimento detalhado do modelo de negócio do OnlyFans, compreendendo como os subscritores pagam por conteúdo exclusivo e como os ganhos se correlacionam com popularidade e material explícito.

Os participantes referenciaram frequentemente a aparência física como crucial para o sucesso, sugerindo que as que cumprem certos padrões de beleza têm maior probabilidade de gerar lucros.

Surpreendentemente, tanto raparigas quanto rapazes descreveram a plataforma como uma opção futura realista, embora geralmente a considerem poder ser mais lucrativa para mulheres.

Muitos adolescentes enquadraram a criação de conteúdo numa plataforma como o OnlyFans como uma decisão económica racional, particularmente para raparigas que podem não seguir caminhos educacionais ou profissionais tradicionais.

Há boas razões para que as adolescentes tenham esta perceção. No fim do ano passado, a modelo norte-americana Sophie Rain, de 20 anos, revelou numa publicação no Twitter ter faturado com com o seu canal no OnlyFans, em apenas um ano, a astronómica quantia de 43,5 milhões de euros.

Os resultados do estudo sugerem que os sistemas educacionais e a legislação atual não estão a acompanhar as mudanças rápidas na criação e promoção de conteúdo sexual.

Os investigadores consideram que os adolescentes precisam de educação abrangente que aborde aspetos sociais, económicos e psicológicos da cultura digital sexualizada — não apenas “avisos de segurança online”.

ZAP //

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