Quase duas em cada cinco aves selvagens europeias estão ameaçadas, mais de metade estão seguras e, das restantes espécies, 60% regista um estado de conservação desfavorável, conclui um relatório da Agência Europeia do Ambiente.
O documento divulgado esta quarta-feira revela que 52% de todas as espécies de aves selvagens avaliadas “têm um estatuto seguro”, mas “cerca de 17% das espécies continuam a estar ameaçadas e aproximadamente 15% estão quase ameaçadas, em declínio ou depauperadas”.
Entre as espécies com problemas estão a laverca (Alauda arvensis) e o maçarico-de-bico-direito (Limosa limosa), cuja presença era habitual há algum tempo nas terras agrícolas, exemplifica a entidade europeia (EEA na sigla em inglês).
É ainda destacado que muitos passáros com direito a áreas protegidas da parte dos Estados membros, no âmbito da diretiva “Habitats“, registaram aumentos na sua população, apesar de algumas destas espécies não serem consideradas em estado seguro.
Entre as outras espécies protegidas através da diretiva, a avaliação de quase um quarto (23%) foi favorável, mas a EEA especifica que mais de metade das espécies (60%) encontra-se ainda num estado de conservação desfavorável, ou seja, 42% apresenta um estado desfavorável/inadequado e 18% estão em estado desfavorável/mau.
O estado de conservação de várias espécies, como as aves de rapina ou algumas carnívoras, revela melhorias em algumas áreas, mas a EEA admite que são limitadas a um nível local ou regional e ainda não são de âmbito europeu.
Os prados, as zonas húmidas e os habitats de dunas são áreas da natureza que motivam “especial preocupação” dos especialistas europeus.
Os habitats apresentam um estado de conservação e tendências piores que aquelas das espécies e somente 16% das avaliações resultam num estado favorável.
“A esmagadora maioria dos habitats encontra-se num estado de conservação desfavorável, ou seja, em 47% das avaliações o estado é desfavorável/inadequado e em 30% desfavorável/mau”, segundo EEA.
O comissário europeu responsável pelo Ambiente, Assuntos Marítimos e Pesca, Karmenu Vella, citado numa informação hoje divulgada, salienta que, “embora mostre um panorama geral contrastado, [o relatório] demonstra claramente que os esforços envidados para melhorar os ecossistemas vulneráveis podem ser altamente eficazes”.
O documento também sublinha “a dimensão dos problemas que subsistem e devemos resolver estes problemas, já que a saúde dos cidadãos europeus e da nossa economia dependem da saúde da natureza”, alerta Karmenu Vella.
Na informação entregue à EEA, os Estados membros relatam a existência de pressões e ameaças para cada espécie e habitat, principalmente aquelas relacionadas com a atividade agrícola, como alteração das práticas de cultivo, o abandono dos sistemas de pastoreio, a fertilização ou os pesticidas, e com a artificialização dos rios e lagos, que são responsáveis por impactos negativos na situação da natureza.
A Rede Natura 2000 abrange 18% do território da União Europeia e 4% da sua área marítima e “parece ser uma medida de conservação efetiva”, acabando por beneficiar também espécies que não estão classificadas naquele instrumento.
/Lusa