A realização que sentimos depois de montar um móvel, sentimos também quando conhecemos alguém novo.
Afinal, fazer-se de desinteressado quando conhece alguém não resulta: novos estudos sugerem que a atração cresce mais intensamente quando há esforço envolvido — um fenómeno que os investigadores apelidaram de “efeito IKEA”.
Para quem não conhece, o “efeito IKEA” — documentado pela primeira vez num estudo de Harvard publicado em 2011 na revista Journal of Consumer Psychology — é real e mostra que, apesar de as pessoas terem mais trabalho na produção de um bem, acabavam por ficar mais felizes e, consequentemente, valorizam-no ainda mais.
Chamaram-no assim porque acontece com bens comprados no IKEA: o cliente leva para casa uma enorme caixa cheia de peças e depois de passar horas a montar sente-se mais satisfeito do que se o comprasse sem esforço adicional.
Nos relacionamentos, aplica-se o mesmo princípio: quando alguém dedica tempo e energia a conquistar outra pessoa, tende a valorizar mais a ligação e a sentir-se mais emocionalmente envolvido.
Mas o segredo está no equilíbrio, aponta a psicóloga Gurit Birnbaum no Psychology Today. Fazer-se difícil só resulta se a outra pessoa acreditar que o esforço tem hipóteses reais de ser recompensado.
Parecer totalmente desinteressado pode matar a atração e afastar quem está do outro lado; por outro lado, mostrar-se demasiado disponível pode transmitir uma imagem de desespero ou de falta de exigência.
O ideal? Ser percebido como valioso, mas alcançável.
Esta estratégia, no entanto, não funciona da mesma forma para toda a gente, alerta a especialista. A ciência mostra que os homens têm maior tendência para perseguir parceiros mais difíceis de conquistar, possivelmente devido a expectativas culturais ainda presentes sobre os papéis na conquista.
Além disso, pessoas com estilos de apego ansioso — que receiam o abandono e procuram constantemente validação — podem sentir-se especialmente atraídas por este tipo de dinâmica.
Os especialistas recomendam encarar esta abordagem como sintonização estratégica, e não como um jogo manipulador. A ideia é construir a ligação emocional de forma gradual, sem reter afeto de forma artificial.
Por exemplo, em vez de responder de imediato ou contar tudo sobre a sua vida num só encontro, opte por uma resposta ponderada que mostre interesse, mas também os seus próprios limites: é criar antecipação sem causar a sensação de rejeição, aconselha a psicóloga.