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Jerome Powell (presidente da Fed – Reserva Federal dos EUA)
Jerome Powell reagiu às críticas de Donald Trump e ouviu raros aplausos. Pode ter sido um sinal para o resto do mundo.
Terminou nesta quarta-feira o fórum do Banco Central Europeu (BCE). Um encontro de três dias em Sintra para reflexão interna, para debate entre economistas e governadores.
No painel mais importante do fórum, na terça-feira, estavam presentes diversos presidentes do panorama da economia: Christine Lagarde (presidente do BCE), Andrew Bailey (Banco de Inglaterra) Kazuo Ueda (Banco do Japão), Chang Young Rhee (Coreia do Sul) e Jerome Powell (presidente da Fed – Reserva Federal dos EUA).
A certa altura, os assuntos foram Donald Trump, as suas críticas e as ameaças à independência do banco central dos EUA que vêm do presidente do país.
Trump não gosta de Powell. Há calma de um lado, há raiva e impaciência do outro; a contenção de Jerome Powell irrita Donald Trump constantemente.
O presidente dos EUA já chamou “idiota”, “tolo” ou “terrível” ao presidente do banco central do seu país.
A certa altura, relata o ECO, a jornalista e moderadora Francine Lacqua perguntou a Powell: “Os ataques pessoais de Trump tornam o seu trabalho mais difícil?”.
A resposta: “Estou muito focado no meu trabalho. As coisas que interessam são: usar as nossas ferramentas para atingir as metas que o Congresso nos deu, máximo emprego, estabilidade de preços e estabilidade financeira. É nisso que estamos 100% focados”.
Seguiram-se aplausos. Uma ovação pequena, mas intensa, dos outros banqueiros centrais que também participaram no painel.
Este momento não é normal. Foram aplausos invulgares para o presidente da Fed, que não está habituado a este reconhecimento raro a nível público.
O jornal Handelsblatt acrescenta que esta salva de palmas pode ser interpretada como um sinal comum para o mundo exterior: aqueles líderes económicos estão unidos na luta pela independência da política monetária.
Jerome Powell continuou a responder: “Quero deixar ao meu sucessor uma economia em boa forma, é isso que me mantém acordado à noite. Não jogamos um lado contra o outro. Mantemo-nos afastados de questões que não são da nossa competência e focamo-nos apenas nessas áreas. No fundo, o que queremos é criar condições para que o público viva a sua melhor vida económica e para que os decisores políticos — os eleitos — possam tomar as decisões verdadeiramente importantes num ambiente estável. É assim que vejo as coisas”, cita o Expresso.
Christine Lagarde, ao seu lado, falou “por todos os colegas” e assegurou que faria “exactamente a mesma coisa” se fosse presidente da Fed.
Entretanto, também nesta terça-feira, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que já tem duas ou três opções “top” para substituir Jerome Powell, em maio do próximo ano.