Dentista decifra puzzle geométrico centenário no Homem de Vitrúvio de Da Vinci

(dr)

Leonardo da Vinci e o Homem Vitruviano

Um triângulo equilátero entre as pernas do Homem de Vitrúvio replica uma outra forma encontrada na anatomia do maxilar humano conhecida como o triângulo de Bonwill.

Um novo estudo publicado na Journal of Mathematics and the Arts relata a descoberta de um detalhe escondido no famoso desenho do Homem de Vitrúvio de Leonardo Da Vinci. A descoberta explica como é que o artista renascentista colocou perfeitamente o esboço do homem dentro de um círculo e de um quadrado.

De acordo com Rory Mac Sweeney, o dentista londrino que também é o autor do estudo, o truque de Da Vinci foi um triângulo equilátero “escondido à vista de todos“. “O triângulo pode ser encontrado entre as pernas do homem no desenho e não é só uma forma aleatória”, explica.

A forma do triângulo corresponde a uma outra encontrada na anatomia moderna conhecida como o “triângulo de Bonwill“, que explica como o maxilar humano funciona da forma mais eficiente, explica o The Independent.

Este triângulo imaginário é criado ao ligar-se os centros dos pontos onde o maxilar inferior se junta ao crânio com o ponto do meio dos incisores centrais da mandíbula. Este conceito é usado pelos dentistas para perceber a anatomia dos maxilares dos pacientes e ajuda a desenhar próteses proporcionais e alinhadas.

Robert Mac Sweeney /Journal of Mathematics and the Arts)

Triângulo entre as pernas do Homem VItruviano

Sweeney acredita que a presença deste triângulo no Homem Vitruviano não é uma coincidência, mas antes um indício de que Da Vinci já sabia deste conceito anatómico muito antes deste ser conhecimento geral na ciência moderna.

A presença deste triângulo no desenho ajuda também a criar uma proporção exata de 1,64 entre o tamanho do quadrado e do círculo, um valor quase idêntico a 1,633, um número que aparece frequentemente nas estruturas mais eficientes da natureza.

“A construção sistemática de Leonardo produz uma razão de 1,64 para 1,65 entre o lado do quadrado e o raio do círculo, correspondendo tanto às medidas publicadas do desenho original como à razão tetraédrica de 1,633 encontrada em arranjos espaciais ótimos”, observou o estudo.

O autor elogia a forma como um aparente desenho simples de Da Vinci estava séculos à frente do seu tempo a nível científico. “O que é realmente incrível é que este desenho encapsula uma regra universal do design. Mostra que o mesmo ‘projeto’ que a natureza utiliza para um design eficiente está em ação no corpo humano ideal. Leonardo sabia, ou sentia, que os nossos corpos são construídos com a mesma elegância matemática que o universo que nos rodeia”, refere Sweeney.

Adriana Peixo, ZAP //

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