Molécula natural reverte declínio cognitivo

A hevina, conhecida por estar envolvida na plasticidade neuronal, pode ajudar os mais velhos a combater o Alzheimer.

Uma equipa de investigadores brasileira descobriu que uma simples molécula que ajuda a retardar o declínio cognitivo.

“A hevina é uma molécula bem conhecida, envolvida na plasticidade neuronal. É naturalmente segregada por células do sistema nervoso central que apoiam o funcionamento dos neurónios e que são conhecidas como astrócito”, diz Flávia Alcantara Gomes, chefe do Laboratório de Neurobiologia Celular do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, à SciTechDaily.

“Descobrimos que a superprodução de hevina é capaz de reverter déficits cognitivos em animais idosos, melhorando a qualidade das sinapses desses roedores”, acrescenta a autora do estudo publicado na Aging Cell em fevereiro.

Ao observar dados públicos, os investigadores descobriram que os níveis de hevina no cérebro de pacientes com Alzheimer diminuem em comparação com indivíduos saudáveis da mesma idade.Através de um vetor viral recombinante, os cientistas conseguiram então superexpressar a hevina em astrócitos de animais idosos e em modelos animais transgénicos da doença de Alzheimer.

“A sinapse depende de proteínas para libertar um sinal químico de um neurónio para outro. A análise proteómica mostrou que o reforço de hevina nos astrócitos regula diferentes grupos de proteínas envolvidas nas sinapses. Observamos um aumento das sinapses, ou seja, uma maior conexão entre os neurónios e, consequentemente, um melhor desempenho cognitivo”, resume o bioquímico Danilo Bilches Medinas.

Para além disso, os cientistas perceberam que esta superexpressão não afetou a deposição de placas beta-amilóides no hipocampo.

“Para nossa surpresa, embora o défice cognitivo tenha sido revertido nos animais modelo de Alzheimer, não houve alteração no conteúdo das placas. Este facto realça a complexidade da doença em termos de um mecanismo multifatorial. Isso é ilustrado por pessoas idosas que têm formação de placas, mas não apresentam sintomas da doença”, conta o biomédico Felipe Cabral-Miranda.

ZAP //

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