Navio de guerra destruído: Kim Jong-un manda prender dois dirigentes (e engenheiro chefe)

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O navio norte-coreano captado por imagens de satélite a 18 de maio, antes do acidente

A Coreia do Norte deteve três dirigentes no âmbito da investigação ao acidente durante a cerimónia de lançamento de um novo navio de guerra. A falha está a ser tratada como como um “ato criminoso imperdoável” e os responsáveis são acusados de “negligência operacional”.

Durante a cerimónia de lançamento de um novo navio de guerra norte-coreano, que prometia ser o maior de sempre do país, uma avaria no motor fez com que a popa do contratorpedeiro de 5.000 toneladas, ainda não batizado, deslizasse para a água antes do tempo.

O acidente, que na quarta-feira deixou partes do casco do navio destruídas, foi captado por imagens de satélite, e ocorreu sob do olhar do presidente norte-coreano, Kim Jong-un — que não ficou nada contente e até condenou publicamente o erro.

A Comissão Militar Central da Coreia do Norte afirmou que a falha será tratada como um “ato criminoso imperdoável” e lançou uma investigação ao acidente, que ocorreu no Estaleiro Chongjin, no norte do país.

Segundo informou este sábado a agência KCNA, na sequência da investigação, aa autoridades detiveram Kang Jong Chol, engenheiro-chefe do estaleiro, Han Kyong Hak, chefe da oficina de construção do casco, e Kim Yong Hak, vice-diretor de assuntos administrativos.

Hong Kil-ho, o diretor do estaleiro onde ocorreu o acidente, foi convocado por uma comissão militar na quinta-feira, acrescentou a KCNA.

A agência de notícias oficial norte-coreana adiantou que o líder norte-coreano, Kim Jong-un, que esteve presente na cerimónia de lançamento do contratorpedeiro de cinco mil toneladas na cidade portuária de Chongjin, descreveu o acidente como um “ato criminoso, causado por absoluta falta de cuidado, irresponsabilidade e empirismo não científico“.

Segundo a Sky News, o ditador norte-coreano afirmou que o acidente “fez ruir a dignidade e o respeito próprio do nosso Estado”, e prometeu punir os responsáveis.

Na sexta-feira, a KCNA tinha dito que uma inspeção subaquática detalhada ao navio de guerra “confirmou que, ao contrário do que foi inicialmente anunciado, não houve qualquer brecha no fundo do navio“.

No entanto, “o casco de estibordo foi riscado e um pouco de água do mar entrou na secção de popa pela saída de emergência”, acrescentou a agência, garantindo que os danos sofridos pelo navio de guerra “não foram graves”.

Não foram identificados mais danos no navio de guerra” e “o plano de reabilitação está a avançar conforme programado”, informou no sábado a KCNA. O reconhecimento público de falhas técnicas ou administrativas é altamente invulgar na Coreia do Norte.

De acordo com os serviços de informação dos EUA e da Coreia do Sul, a “tentativa de lançamento lateral” do navio falhou, e o contratorpedeiro está atualmente inclinado na água. Imagens de satélite do local mostraram o navio deitado de lado, com a maior parte do casco submerso e coberto por capas azuis.

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Os especialistas norte-coreanos estimam que serão necessários “dois ou três dias para restaurar o equilíbrio do navio de guerra que bombeia água do mar da secção inundada”, disse a agência. A reparação do casco do contratorpedeiro deverá demorar cerca de dez dias, acrescentou.

O nome do barco não foi especificado. Em abril, Pyongyang divulgou imagens de um navio contratorpedeiro de cinco mil toneladas, chamado Choe Hyon. A Coreia do Norte alegou que o navio estava equipado com as “armas mais poderosas” e que “entraria ao serviço no início do próximo ano”.

Na altura, os meios de comunicação estatais transmitiram imagens de Kim a participar numa cerimónia com a filha, Kim Ju-ae, que muitos especialistas acreditam que será a sucessora no poder.

Segundo alguns especialistas em assuntos militares, o Choe Hyon poderá ser equipado com mísseis nucleares táticos de curto alcance, embora a Coreia do Norte não tenha até ao momento provado ter a capacidade de desenvolver armas nucleares de pequena dimensão.

ZAP // Lusa

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