Novas imagens do Sol mostram pormenores espantosos e nunca antes vistos

R. Kamlah et al. 2025

O Vacuum Tower Telescope (VTT) do Observatorio del Teide, em Tenerife, está a funcionar desde 1988. Nestas quatro décadas, tem feito um grande trabalho no estudo do Sol, mas graças a uma nova câmara, o melhor ainda está para vir.

A instalação, desenvolvida pelo Instituto Leibniz de Astrofísica de Potsdam (AIP), pode captar 100 imagens de curta exposição em 4 segundos, que podem ser combinadas numa imagem com resolução de 8K.

Segundo o IFL Science, o trabalho situa-se no ponto ideal entre as vistas do disco completo do Sol obtidas por telescópios mais pequenos e até por naves espaciais em torno da nossa estrela, e a visão mais aproximada que os grandes telescópios solares têm.

Estes têm normalmente campos de imagem com cerca de 75.000 kms de diâmetro, enquanto o do VTT tem 200.000 kms, de modo que as estruturas em grande escala do Sol ativo e o seu comportamento são mais claros no contexto.

“As nossas expetativas em relação ao sistema de câmaras foram mais do que satisfeitas desde o início”, disse Robert Kamlah, que realizou o projeto no âmbito da sua tese de doutoramento no AIP e na Universidade de Potsdam, em comunicado da universidade.

Graças à rapidez da captação de imagens, a perturbação da atmosfera terrestre é tratada e eliminada da imagem final processada. O telescópio consegue ver detalhes tão pequenos como 100 kms na superfície do Sol. Pode também criar timelapses de processos no Sol à escala de 20 segundos.

“Para compreender melhor a atividade solar, é crucial não só analisar os processos fundamentais da estrutura fina e o desenvolvimento a longo prazo da atividade global com vários instrumentos”, acrescentou Rolf Schlichenmaier, cientista do Instituto de Física Solar, “mas também investigar a evolução temporal do campo magnético nas regiões ativas”.

A instalação tem filtros especiais que permitem aos investigadores ver camadas específicas da “superfície” solar e da atmosfera inferior do Sol, designadas por fotosfera e cromosfera. O movimento do plasma nessas zonas está na base da evolução das manchas solares, pelo que a nova câmara permite uma abordagem de alta resolução ao estudo desses movimentos.

“Os resultados obtidos mostram como, juntamente com os nossos parceiros, estamos a ensinar novos truques a um velho telescópio”, acrescentou Carsten Denker, chefe da Secção de Física Solar do AIP.

O VTT tem 0,7 metros de diâmetro. Uma configuração de câmara como a nova, em telescópios muito maiores, pode chegar a resoluções ainda mais elevadas.

Teresa Oliveira Campos, ZAP //

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