Nuno André Ferreira / Lusa

Antigo primeiro-ministro estava em rota de colisão com antigo governador do Banco de Portugal. Ambos recuaram na Justiça.
Em 2022, Carlos Costa apresentou o livro que lançou a polémica. Na obra O Governador, no meio de recordações dos seus tempos enquanto governador do Banco de Portugal, havia relatos de intromissão política.
Um deles envolvia o então primeiro-ministro, António Costa, que teria pressionado Carlos Costa para não tirar Isabel dos Santos do conselho de administração do Eurobic.
António Costa terá dito a Carlos Costa não se podia “tratar mal” a filha do presidente de um país aliado de Portugal.
Isabel dos Santos, empresária angolana, era filha do entretanto falecido José Eduardo dos Santos, que era presidente de Angola.
Mesmo assim, o então governador do Banco de Portugal estaria inclinado para tirar Isabel dos Santos e o seu sócio, Fernando Teles, da administração do BIC; para que o Eurobic não fosse visto como um banco próximo do BIC Angola.
António Costa assegurou que nunca tinha dado qualquer indicação a Carlos Costa sobre Isabel dos Santos, acusando o governador de declarações “ofensivas da honra, bom nome e consideração”.
O processo avançou para os tribunais. António Costa exigia que Carlos Costa “se retratasse” destas afirmações; e até pediu ao presidente da República que seja testemunha. Marcelo Rebelo de Sousa aceitou.
No entanto, três anos depois, há acordo entre os dois.
António Costa e Carlos Costa chegaram a acordo nesta batalha judicial, anuncia o Observador.
O documento do Juízo Local Cível de Lisboa indica que os dois recuam na troca de acusações e prestam reconhecimento mútuo pela conduta no caso.
António Costa refere nesse documento que Carlos Costa “zelou sempre pelo cumprimento rigoroso dos requisitos regulatórios e das normas de supervisão” no processo Isabel dos Santos, para “assegurar a pretendida estabilidade financeira” do sistema bancário nacional.
Já Carlos Costa comenta que António Costa “atuou sempre para proteção do interesse público e não para beneficiar os interesses de Isabel dos Santos” no caso BPI.
Os dois desistiram dos processos na Justiça. As custas judiciais foram divididas.