A descoberta por cientistas chineses de um dinossauro com asas peculiares pode trazer novas pistas sobre o leque de técnicas de voo que os animais usavam na época em que as aves modernas apareceram.
O estudo de um fóssil encontrado por um agricultor na província de Hebei, na China, mostrou que o animal pertence à família de dinossauros Scansoriopterygidae, caracterizada pelo seu tamanho reduzido e por ter um dedo médio mais longo do que o de outros terópodes.
A nova espécie tem um longo osso em forma de haste em cada punho – algo que não é encontrado em nenhum outro dinossauro, mas que se assemelha a outros animais que voam ou planam, como os morcegos, os esquilos-voadores e os pterossauros, os famosos répteis voadores.
O espécime encontrado tinha penas, mas não apresentava as grandes penas de voo características das aves e dos seus parentes mais próximos.
Em vez disso, o segredo que permitia ao animal voar parece ser a fina membrana que liga as hastes aos outros dedos.
A descoberta foi publicada na revista Nature por uma equipa de cientistas do Instituto de Paleontologia e Paleoantropologia de Vertebrados da Academia Chinesa de Ciências, IVPP.
Os estudiosos chamaram ao novo dinossauro Yi qi, que significa “asa estranha” em mandarim.
“Achamos que este é um nome apropriado, porque nenhum outro dinossauro ou pássaro tem uma asa do mesmo tipo”, explica à BBC o principal autor do estudo, o paleontologista chinês Xu Xing.
“Não sabemos se o Yi qi era capaz de bater as asas ou de planar, ou as duas coisas, mas o movimento envolvia uma asa única no contexto da transição dos dinossauros para as aves”, afirma o cientista, conhecido na china como o “caçador de dinossauros”.
A presença desta membrana nas asas, e o facto de outros animais com estruturas semelhantes nos punhos poderem voar, levaram a equipa de Xu Xing a sugerir que este dinossauro seria também capaz de voar.
No entanto, como o fóssil estava incompleto, não foi possível determinar qual a modalidade de voo adoptada pelo Yi qi.
“O Yi qi viveu no período Jurássico, portanto foi um pioneiro na evolução do voo na linhagem que deu origem às aves”, afirma Zheng Xiaoting, investigador da Universidade de Linyi e co-autor do estudo.
“Isso recorda-nos que a história ancestral dos voos é rica em inovações, mas muitas delas não sobreviveram”, diz Xiaoting.
ZAP / BBC