O lendário investidor anunciou que vai deixar os cargos executivos que mantém na Berkshire Hathaway no final do ano, e que irá recomendar ao conselho de administração da Berkshire que Greg Abel, há muito seu herdeiro designado, se torne o próximo CEO da empresa.
Após 55 anos de carreira, Warren E. Buffett, CEO e chairman da Berkshire Hathaway, anunciou este sábado que vai deixar no fim do ano a liderança da empresa, encerrando uma lendária carreira na área dos investimentos, que dominou ano após ano e lhe rendeu a alcunha de “Oráculo de Omaha“.
Segundo o The New York Times, Buffet adiantou que vai recomendar ao Conselho de Administração da Berkshire Hathaway que Greg Abel, há muito considerado seu sucessor, assuma a liderança do conglomerado.
“Penso que chegou o momento em que Greg se deve tornar o diretor executivo da empresa, no final do ano”, disse Buffett, de 94 anos, durante a muito aguardada reunião anual da Berkshire Hathaway, em Omaha.
Abel é atualmente o presidente e CEO do negócio de energia e vice-presidente das operações não relacionadas com seguros da Berkshire Hathaway. Buffett disse que iria “ficar por perto” para ajudar, não tendo ficado claro se Abel irá assumir também o cargo de presidente do C.A. da empresa.
“Penso que as perspetivas da Berkshire serão melhores sob a gestão de Greg do que sob a minha”, disse Buffett durante a reunião. “Espero que Abel ainda esteja a gerir as coisas daqui a 50 anos”, acrescentou o investidor.
Caçador de pechinchas
Em 1965, Warren Buffett comprou a Berkshire, na altura uma fábrica têxtil falida, e nas últimas seis décadas transformou-a num conglomerado valorizado em quase um bilião de euros, que possui dezenas de empresas, entre as quais a Geico, Dairy Queen e Duracell, e participações multimilionárias, entre outras, na Coca-Cola, Apple, Amazon, Verizon, Chevron e American Express.
Entre 1965 e 2024, o mítico “Oráculo de Omaha” foi responsável por uma valorização de cerca 5.500.000% nas ações detidas pela Berkshire, em comparação com cerca de 39.000% para o índice S&P 500 como um todo, nota o Business Insider. Esta valorização, a uma média anual de 19,9%, tornou Buffett fenomenalmente rico.
O “guru” dos mercados de investimento, que raramente falhava nas suas apostas, assumiu em 2021 ter cometido um erro quando adquiriu, em 2016, a Precision Castparts por 32,1 mil milhões de euros. “O meu erro de cálculo foi desmascarado pelos desenvolvimentos adversos em toda a indústria aeroespacial”, disse Buffett.
Mesmo depois de ter doado mais de metade da fortuna a causas beneméritas, é ainda, segundo a Forbes, a sexta pessoa mais rica do Mundo, com um património líquido de cerca de 140 mil milhões de euros.
Buffett, muitas vezes chamado de “caçador de pechinchas“, deixa o cargo de CEO num ponto alto. As ações da Berkshire subiram 20% este ano para níveis recorde, contrariando a queda de 3% do S&P.
Quando Buffett lhe deixar o seu lugar, Greg Abel terá a ingrata tarefa de suceder a um dos maiores líderes empresariais da história americana.
Será lembrado como um CEO que construiu uma das empresas mais valiosas do mundo, criou enorme riqueza para os seus investidores, nutriu uma cultura única centrada na propriedade a longo prazo, e inspirou legiões de investidores e executivos com as suas lições sobre investimento, negócios, gestão e vida.
