Uma equipa de investigadores acabou de descobrir uma nova estrutura nas profundezas do supervulcão de Yellowstone que pode estar a desempenhar um papel importante na contenção de uma erupção deste sistema vulcânico.
Os investigadores têm usado dados sísmicos e modelos computacionais para estudar a camada mais profunda sob Yellowstone e encontraram provas do que chamam de uma camada afiada e rica em substâncias voláteis, localizada a 3,8 quilómetros abaixo da superfície.
Segundo o IFL Science, funciona como uma tampa para o magma, permitindo que o gás seja libertado para as camadas acima, mas mantendo o sistema estável.
“Há décadas que sabemos que existe magma sob Yellowstone, mas a profundidade exata e a estrutura da sua fronteira superior têm sido uma grande questão», afirmou o Brandon Schmandt, coautor e professor de Ciências da Terra, Ambientais e Planetárias na Universidade Rice.
“O que descobrimos é que este reservatório não se fechou — está lá há alguns milhões de anos, mas continua dinâmico“, acrescenta.
Havia uma grande incerteza sobre a localização do magma. A equipa teve de trabalhar muito para o encontrar, uma vez que os dados não eram fáceis de analisar. A recolha dos dados também foi interessante.
A equipa utilizou um camião vibroseis, um veículo que pode enviar pequenos terramotos para o solo, observou o reflexo dessas ondas para estudar as camadas interiores e comentou que a tampa parece estar a respirar, o que sugere que é improvável que uma erupção esteja iminente. Os resultados foram publicados na revista Nature.
“Embora tenhamos detetado uma camada rica em voláteis, o seu conteúdo de bolhas e derretimento está abaixo dos níveis normalmente associados a uma erupção iminente“, disse Schmandt.
“Em vez disso, parece que o sistema está a libertar gás de forma eficiente através de fendas e canais entre cristais minerais, o que faz sentido para mim, dada a abundância de características hidrotermais de Yellowstone que emitem gases magmáticos”, acrescentou.
A investigação coloca uma estrutura clara nas profundezas do supervulcão. A monitorização futura poderá se concentrar em caracterizá-la melhor.
Se a estrutura começar a derreter ou se houver mudanças na acumulação de gás, poderá indicar que algo está a mudar ou a mover-se em direção a uma erupção. A abordagem desenvolvida neste trabalho pode ter aplicações além da monitorização de vulcões.
“Ser capaz de visualizar o que está a acontecer no subsolo é importante para tudo, desde a energia geotérmica até o armazenamento de dióxido de carbono”, disse Schmandt.
“Este trabalho mostra que, com criatividade e perseverança, podemos ver através de dados complicados e revelar o que está a acontecer sob os nossos pés”, conclui o investigador.