A rotação da Terra está a oscilar mais do que o esperado. Já sabemos porquê

A culpa é das secas, que se estão a agravar no nosso planeta: perda de humidade do solo é quase duas vezes mais rápida do que o degelo na Gronelândia.

A rotação da Terra está a oscilar mais do que se esperava, e agora já sabemos porquê.

A culpa é das alterações climáticas, segundo um estudo publicado na revista Science em finais de março, mais especificamente, devido a uma perda significativa e rápida de humidade do solo.

Os investigadores confirmaram que a seca global, em grande parte, provocada pela alteração dos padrões de precipitação e pelo aumento das temperaturas, não só está a ter impacto nos ecossistemas e na agricultura, como também está a alterar fisicamente a orientação do eixo da Terra.

Só entre 2000 e 2002, o planeta perdeu 1.614 gigatoneladas de humidade do solo — uma quantidade quase duas vezes superior e muito mais rápida do que a perda de gelo da Gronelândia em quatro anos.

Esta mudança dramática na distribuição da massa nos continentes fez com que o eixo da Terra se deslocasse 45 centímetros até 2012 — um movimento que anteriormente se pensava ser explicado em grande parte pelo derretimento dos glaciares.

Embora a perda de gelo continue a ser um fator a ter em conta, não é o culpado por toda a extensão da mudança. Em 2021, já se tinha apurado que a inclinação observada no eixo da Terra ultrapassava o que poderia ser explicado só pelo derretimento do gelo, e especulou-se que a água subterrânea e o esgotamento da humidade do solo também estavam a contribuir.

O novo estudo confirma este facto, com medições atualizadas e independentes.

O fenómeno é atribuído, em grande parte, a mudanças na precipitação e não à evaporação. Apesar do aumento das temperaturas, que teoricamente deveria aumentar a evaporação, a secagem deve-se à redução e irregularidade da precipitação. Mesmo nas zonas onde chove mais, a precipitação é mais curta e mais intensa, e há períodos de seca cada vez mais longos entre as épocas de chuva.

“Houve um período de vários anos no início da década de 2000 em que parecia haver uma grande perda de água dos continentes, tal como previsto por um determinado modelo climático”, diz Clark Wilson, da Universidade do Texas, à BBC Science Focus.

“A questão era: será que isso era real? Agora sabemos a resposta, porque temos medições independentes que são consistentes com isso”, explica.

Citado pelo IFL Science, o principal autor do estudo, Ki-Weon Seo, da Universidade Nacional de Seul, explica que “entre os vários modelos, apenas [um] conseguiu captar com sucesso este acontecimento dramático. Os criadores de modelos têm de avaliar e melhorar a precisão dos seus modelos para projetar melhor as condições climáticas futuras”.

As secas são uma verdadeira ameaça para o futuro do planeta. A sua frequência aumentou 1,7 vezes desde o período pré-industrial, e os autores preveem que o valor aumente ainda mais com todas as atuais projeções de aquecimento global.

ZAP //

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