Granadas de fumo no Parlamento e um teto que desabou. O que se passa na Sérvia?

Djordje Savic / EPA

Milhares de estudantes a bloquear uma estrada

Há já vários meses, a Sérvia é palco de manifestações, greves e turbulência política. Tudo por causa de um teto que desabou, e que foi o gatilho para a instabilidade.

Esta terça feira, o parlamento sérvio assistiu a um cenário caótico. Os deputados da oposição lançaram granadas de fumo e gás lacrimogéneo na Assembleia, como forma de protesto. Pelo meio, houve duas deputadas feridas, e uma delas teve um AVC e encontra-se em estado crítico no hospital.

Enquanto o partido no governo falava, os deputados assobiavam, tocavam buzinas e  exibiam cartazes com frases como “greve geral” e “justiça para os mortos”, avança a Reuters.

Há vários meses que o país europeu tem sido palco de diversas manifestações, e tudo começou com… um teto que desabou.

No dia 1 de novembro, o teto de betão de uma estação de comboios da cidade de Novi Sad (a cerca de 70 km da capital, Belgrado) caiu, matando 15 pessoas.

Foi a gota de água. Desde então, manifestações de milhares de pessoas, protagonizadas essencialmente por estudantes, têm ocorrido em todo o país.

Em causa está a associação deste episódio à corrupção de que é acusado o presidente do país, Aleksandar Vučić, no poder há já uma década. De acordo com a BBC, mais de uma dúzia de pessoas foram acusadas de ligação ao incidente de Novi Sad, incluindo o antigo Ministro dos Transportes, Goran Vesic.

As manifestações transformaram-se em greves, a começar pelos professores universitários, que em dezembro suspenderam as aulas nas universidades. Entretanto, os estudantes saem à rua e bloqueiam estradas, manifestando-se contra a corrupção de que acusam o partido vigente, o Partido Progressista Sérvio.

Pelo meio, o primeiro-ministro demitiu-se, em janeiro, “para evitar complicar ainda mais as coisas”.

E para agravar a situação, o presidente Vučić, enfrenta um dilema internacional. De acordo com o Politico, a Sérvia mantém há muito tempo laços estreitos com a Rússia, com base em ligações históricas, culturais e religiosas, bem como numa estreita cooperação económica.

Dependentes da Rússia para o fornecimento de gás, os sérvios têm de equilibrar as suas relações com os soviéticos e com a União Europeia, num complicado jogo de forças. Com turbulência política dentro e fora do país, adensa-se a instabilidade na Sérvia.

Carolina Bastos Pereira, ZAP //

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