Uma matemática pode ter encontrado a solução para salvar os corais

Lucas Vega Bustamante

Eva Llabrés, física e matemática de formação, colabora com biólogos marinhos para modelar matematicamente o crescimento de espécies ecologicamente importantes, incluindo ervas marinhas e corais.

As estruturas submarinas são essenciais para a economia e para o ambiente, mas estão há décadas em vias de extinção. Uma matemática aliou-se a biólogos marinhos e pode ter encontrado uma solução para o problema.

Um coral é uma estrutura subaquática que se produz a si mesma, através de pólipos semelhantes a uma anémona com menos de um centímetro de comprimento.

Os pólipos reproduzem-se de forma assexual, incham, ramificam-se, ondulam e espalham-se. Só não se espalham tanto como os biólogos marinhos gostariam.

Agora, um equipa de investigadores da Universidade das Ilhas Baleares, em Espanha, liderada pela física e matemática Eva Llabrés, criou um modelo que serve de “receita universal que pode criar muitos tipos diferentes de formas de coral — penas adicionando alguns ingredientes.

Os resultados do estudo foram recentemente apresentados num artigo publicado na Proceedings of The Royal Society B.

Com base em observações biológicas, tais como a forma e o momento em que os pólipos brotam os investigadores criaram uma ferramenta que decompõe geometricamente uma estrutura de coral e pode prever as cinco formas mais comuns dos corais utilizando apenas cinco variáveis de crescimento.

“Gosto da sua elegância”, comenta a ecologista Anna Vinton, investigadora da Universidade da Califórnia do Sul, que não esteve envolvida no estudo, citada pela  Quanta Magazine.

Se os cientistas conseguirem compreender as regras de crescimento destes organismos, poderão prever melhor a forma de os manter vivos, face às ameaças das alterações climáticas.

Porque é que os corais são importantes?

De acordo com o site de proteção de corais The Coral Guardian, mais de 500 milhões de pessoas (ou seja, cerca de 8% da população mundial) dependem diretamente dos recifes de coral em termos de proteção costeira, recursos haliêuticos (relacionados com pesca) e turismo.

Desde a década de 80 que os corais sofrem uma queda da sua população, causada pelas elevadas temperaturas que os tornam mais esbranquiçados e conduzem à sua morte.

Para além de serem uma atração turística e um gerador de dinheiro, o coral é uma forte aposta da medicina, estando as suas propriedades  em avaliação para futuros tratamentos como regeneração óssea e até alguns cancros.

Os corais também absorvem a energia das ondas e contribuem para a redução da erosão costeira. Para além disso, reduzem os danos provocados por tempestades, furacões e outros ciclones.

Carolina Bastos Pereira, ZAP //

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