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Modelo 3D das vias respiratórias testou a forma como as infeções transmitidas pelo ar se propagam.
Expirar pelo nariz faz com que partículas viajem verticalmente, permanecendo no ar durante mais tempo, mas exalar pela boca aumenta a probabilidade de infetar pessoas próximas.
Investigadores espanhóis desenvolveram um modelo impresso em 3D do nariz e das vias respiratórias superiores humanas que simula a tosse e os espirros, para conseguirem estudar a forma como as infeções são transmitidas pelo ar, uma preocupação cada vez mais flagrante desde a pandemia de COVID-19.
O estudo, liderado por investigadores da Universitat Rovira i Virgili (URV), teve como objetivo reproduzir com precisão os padrões de exalação humana. Dada a dificuldade de recrutar indivíduos infetados para estudos controlados, os cientistas criaram um modelo 3D.
O modelo foi concebido para simular a força e a direção do ar expelido durante uma tosse ou espirro. Inclui parâmetros ajustáveis para controlar a força das exalações, permitindo à equipa observar como as partículas de ar se espalham em tempo real.
Utilizando câmaras de alta velocidade e lasers, segundo o estudo publicado em dezembro na revista Physics of Fluids, os investigadores analisaram a trajetória e a largura das nuvens de partículas em várias condições.
Os resultados revelaram que a expiração pelo nariz faz com que as partículas viajem mais verticalmente e menos horizontalmente. Embora isto reduza o risco de transmissão de doenças a indivíduos próximos, também faz com que as partículas permaneçam no ar durante mais tempo, particularmente em espaços pouco ventilados, o que significa que, em áreas confinadas, o risco de exposição permanece elevado durante longos períodos.
Em contrapartida, a exalação pela boca dispersa as partículas numa faixa horizontal mais ampla, aumentando a probabilidade de infetar pessoas próximas, especialmente durante interações cara a cara. Esta descoberta realça a importância da utilização de máscaras em ambientes como espaços públicos com muita gente, onde a propagação de gotículas respiratórias é mais provável.
Ao compreender como as partículas se comportam no ar, a equipa espera melhorar as estratégias de ventilação em espaços públicos como salas de aula, hospitais e sistemas de transportes públicos. A otimização da ventilação poderia reduzir significativamente a propagação de doenças transmitidas pelo ar, explicam os investigadores em comunicado.
Embora os autores do estudo reconheçam que fatores como a temperatura e a humidade ainda têm de ser explorados, as suas descobertas fornecem informações iniciais valiosas sobre os mecanismos de propagação de doenças.