Um pergaminho de papiro carbonizado pela erupção do Monte Vesúvio há 2000 anos está lentamente a ser lido de novo graças a inteligência artificial (IA). Quem o conseguir decifrar tem prémio de mais de quase 700 mil euros.
Um antigo pergaminho romano foi lido pela primeira vez desde que foi carbonizado na erupção vulcânica do Monte Vesúvio, há dois milénios, graças à inteligência artificial e a uma instalação de raios X de alta potência.
Como detalha a New Scientist, o rolo de papiro foi um dos 1800 resgatados de uma sala da cidade romana de Herculano durante a década de 1750. Todos eles foram carbonizados pelo calor dos detritos vulcânicos que os enterraram.
Inicialmente, os habitantes locais (da atual cidade italiana Ercolano) começaram a queimar os pergaminhos, mas, quando descobriram que continham textos, alguns ainda foram salvos.
Desde então, cerca de 200 pergaminhos foram meticulosamente abertos e lidos por dispositivos mecânicos baseados em relógios, que abrem os pergaminhos milímetro a milímetro. Três destes pergaminhos estão guardados na Biblioteca Bodleian da Universidade de Oxford.
Prémio de quase 700 mil euros
Um dos três pergaminhos – conhecido como PHerc. 172 – está agora objeto de análise com recurso a algoritmos IA e sua interpretação está a valer dinheiro.
Como refere a New Scientist, o pergaminho foi digitalizado com uma máquina de raios X de altíssima potência e os dados resultantes foram disponibilizados aos participantes no Vesuvius Challenge.
Este concurso está a dar 700 mil dólares (cerca de 672 mil euros) para a interpretação do texto dos pergaminhos.
Até agora, os investigadores revelaram várias colunas de texto, com cerca de 26 linhas em cada coluna. Os académicos esperam agora ler todo o pergaminho; mas, para já, encontraram a palavra grega antiga διατροπή, que significa “nojo”.
Peter Toth, um conservador da Biblioteca Bodleian, suspeita que esta palavra já decifrada se relacionará de alguma forma com o filósofo Epicuro, tal como muitos dos outros pergaminhos encontrados no mesmo local.
O PHerc. 172 foi o único dos três pergaminhos da Biblioteca Bodleian considerado suficientemente estável para viajar, e apenas numa caixa especialmente impressa em 3D dentro de outra caixa almofadada, explicou Toth, à New Scientist.