Monika Flueckiger / Fórum Económico Mundial
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Hun Sen foi primeiro-ministro do Camboja durante mais de 30 anos
Uma fase muito sangrenta neste país asiático. Durante alguns anos, o Partido Comunista do Kampuchea tomou o poder – e depois houve outra invasão.
Quando se fala em Camboja, e sobretudo para quem já tem algumas dezenas de anos, a primeira recordação deverá ser uma famosa música de Kim Wilde.
A própria cantora inglesa garantiu que é uma canção de amor, que a letra é sobre alguém que perde o seu amor num contexto triste. Não é um comentário sobre a situação no Camboja.
No entanto, esta canção foi lançada em 1981. E é muito difícil afastá-la do que tinha acontecido naquele país asiático nos anos anteriores e do que ainda estava a acontecer.
Seis anos antes, o Camboja passou a estar sob um regime comunista. O Khmer Vermelho governou o país entre 1975 e 1979, liderado pelo ditador Pol Pot.
Houve um genocídio. Assassinatos em massa que terão matado 2 milhões de pessoas, praticamente 25% da população do Camboja naquela altura. Execuções, trabalho forçado, fome e doenças – tudo contribuiu para esse número trágico.
O nome oficial do partido no poder era o Partido Comunista do Kampuchea – que ganhou força por causa dos bombardeamentos dos EUA nos anos anteriores, que devastaram zonas rurais do país.
Apoiados pelo Partido Comunista Chinês e por Mao Tsé-Tung, os aliados de Pol Pot tomaram o poder na capital Phnom Penh e expulsaram Lon Nol, que era o primeiro-ministro.
Assim instalaram um regime brutal, sangrento, marcado por políticas extremas de reestruturação social e agrária.
O Khmer Vermelho procurou transformar o Camboja numa sociedade comunista agrária, abolindo dinheiro, educação formal e religião; e realocando milhões de pessoas de áreas urbanas para campos de trabalho forçado no campo.
Estas políticas levaram a uma devastação generalizada, fome, doenças e a execução em massa de quem era visto como inimigo do Estado.
Durante esse período, o Camboja mudou de nome e passou a ser a República Democrática de Kampuchea. Refira-se que Kampuchea deriva da palavra sânscrita Kambuja, o antigo nome do reino. “Kampuchea” é o nome Khmer para o Camboja.
Até que, em 1979, o regime caiu quando foi derrubado pela invasão do Vietname, que instalou um governo pró-Vietnamita no Camboja.
Após a queda do Khmer Vermelho, o nome “Kampuchea” continuou a ser usado em contextos oficiais, mesmo sob o governo que se seguiu, apoiado pelo Vietname – que renomeou o país para República Popular de Kampuchea.
Camboja continuou a ser República Popular de Kampuchea até 1989, quando o país foi renomeado para Estado do Camboja e, mais tarde, em 1993, passou a ser oficialmente conhecido como Reino do Camboja – nome oficial do país, até hoje.
O Camboja é um reino, uma monarquia constitucional. O Partido Popular do Camboja (CPP), de extrema-esquerda e autoritário, lidera o país desde 1979. O Parlamento local tem 125 lugares – o CPP ocupa 120; e até ocupava todos os 125 antes das eleições de 2023.