Um estudo realizado no Brasil sugere que os primeiros humanos nas Américas coexistiram com enormes espécies de megafauna durante milhares de anos.
Esta descoberta desafia a teoria da matança excessiva do Pleistoceno, que defendia que os primeiros colonizadores humanos causaram a extinção destes grandes animais através da caça excessiva.
A descoberta foi feita no sítio arqueológico de Santa Elina, em Mato Grosso, onde os investigadores encontraram ossos de preguiças gigantes com claros sinais de manipulação humana.
Em declarações à Associated Press, a investigadora Mírian Pacheco conta que alguns desses ossos apresentavam perfurações e superfícies polidas, o que indica que provavelmente foram usados como ornamentos pelos nossos ancestrais.
Datados de aproximadamente 27 mil anos, os indícios sugerem que os humanos trabalharam nos ossos logo após a morte dos animais, descartando a possibilidade de serem apenas fósseis reaproveitados. Evidências semelhantes também foram encontradas para mastodontes e toxodontes – duas outras espécies de megafauna.
Durante décadas, a teoria dominante propôs que os humanos chegaram às Américas há cerca de 15 mil anos, atravessando uma ponte terrestre da Ásia através do Estreito de Bering. Pensava-se que estes grupos tinham caçado a megafauna até à extinção à medida que se expandiam pelo continente. No entanto, as descobertas em Santa Elina e noutros locais começam a derrubar esta narrativa.
Para além de ossos fossilizados, escreve o El Confidencial, Santa Elina mostrou outros sinais de atividade humana prolongada, incluindo arte rupestre e ferramentas de pedra. Estas provas apontam para uma relação harmoniosa entre os primeiros seres humanos e a megafauna.
Estas descobertas também sugerem que os humanos podem ter chegado às Américas muito antes do que se acreditava anteriormente – possivelmente mais de 10 mil anos antes.