O praticamente desconhecido Călin Georgescu já originou uma demissão do primeiro-ministro Marcel Ciolacu. Elena Lasconi será a adversária.
A Roménia abalou a nível político: os resultados da primeira volta das eleições presidenciais surpreenderam.
Marcel Ciolacu, primeiro-ministro, era agora candidato a presidente e aparecia na frente nas sondagens. No mínimo, iria garantir um dos dois primeiros lugares, para seguir para a segunda volta.
Mas afinal, Ciolacu não foi o candidato mais votado, nem o segundo mais votado. E já se demitiu da liderança do seu partido, o PSD romeno.
Então quem venceu? Călin Georgescu. O candidato independente conseguiu 22,94% dos votos, num desfecho que deixou a Roménia em choque, segundo a agência Reuters.
O segundo lugar (19,18%) foi para Elena Lasconi, líder do USR, partido de centro-direita.
Portanto, na segunda volta marcada para 8 de Dezembro, estarão estes dois candidatos: Călin Georgescu e Elena Lasconi.
Quem é o vencedor?
Călin Georgescu é um populista de extrema-direita. O seu principal veículo de mensagens durante a campanha eleitoral foi o TikTok. Com mais de 3 milhões de seguidores, foi aí que se tornou “visível”, ao ir à missa, a correr e a falar em podcasts. Tudo em vídeos na rede social.
Nunca aparecia como favorito nas sondagens principais mas, quando chegou o dia das eleições, venceu.
“Votei pelos injustos, pelos humilhados, por aqueles que sentem que não importam e que, na verdade, são os que mais importam… O voto é uma oração pela nação”, declarou no domingo, depois de votar.
Călin Georgescu tem 62 anos e estudou na Universidade de Ciências Agronómicas e Medicina Veterinária de Bucareste e no Colégio de Defesa Nacional da cidade, descreve o canal Euronews.
Doutorado em pedologia, foi professor universitário, esteve no Ministério do Ambiente da Roménia (em vários cargos) e no comité nacional do Programa das Nações Unidas para o Ambiente.
Em 2020 e em 2021, chegou a ser mencionado como possível candidato a primeiro-ministro, pelo partido Aliança para a União dos Romenos. Mas nunca avançou.
Apesar dessa fase, ao longo da sua carreira nunca foi – nem era agora – uma figura muito conhecida na política da Roménia.
É pró-russo: questiona o apoio da Roménia à Ucrânia, critica a NATO e chegou a dizer que Vladimir Putin é um dos poucos verdadeiros líderes do mundo. Também elogia Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria.
A nível económico, acha que a Roménia deve ser menos dependente das importações e que deve ser aumentado o apoio aos agricultores locais.
Este resultado, tal como noutros países, mostra que os eleitores apresentaram um “protesto ou revolta contra o poder instalado. Os principais partidos políticos perderam a ligação com os romenos comuns”, resumiu o consultor político Cristian Andrei.
Mas a sua vitória surpreendente já originou um protesto espontâneo na capital Bucareste. Na noite passada, centenas romenos juntaram-se e gritaram protesto e exibiram cartaz contra Călin Georgescu. Os activistas pelos direitos humanos estão preocupados.