A doença crónica que atinge o útero também pode afetar a fertilidade. Apesar da grande incidência, ainda há muitas perguntas sem resposta para a adenomiose.
Esta doença, de que, se for mulher, pode sofrer mesmo sem ter alguma vez ouvido falar dela, pode ser assintomática (cerca de um terço das mulheres não a sente), mas pode também provocar dores insuportáveis no útero.
Pode também pode afetar a fertilidade, agravando ainda o risco de aborto espontâneo, parto prematuro, pré-eclampsia e hemorragia após o parto. Mas, afinal, que doença é esta?
O endométrio é a camada interna onde os embriões se implantam. Se a mulher não engravidar, esta camada é eliminada durante a menstruação, começa por explicar a Science Alert.
Já o miométrio é a camada muscular do útero, que se expande ao longo da gravidez e é responsável pelas contrações. Nas pessoas com adenomiose, as células semelhantes ao endométrio encontram-se no sítio errado, ou seja, no miométrio (no útero, estas são as duas camadas fundamentais).
A adenomiose é diferente da endometriose, embora muitas mulheres que a tenham também sofram desta última. Como recorda a publicação, a endometriose também faz com que as células semelhantes ao endométrio se encontram no sítio errado, mas, neste caso, fora do útero.
Para além disso, esta doença é difícil de diagnosticar. Ainda assim, nos últimos anos, tem-se assistido a um aumento dos diagnósticos com o desenvolvimento de tecnologias de imagem como a ressonância magnética e a ecografia pélvica detalhada. No entanto, os médicos ainda estão a trabalhar para desenvolver um método mais “normalizado” de diagnóstico.
É por isso que ainda não se sabe exatamente quantas mulheres sofrem de adenomiose. No entanto, um estudo que data já de 2006 revelou que cerca de 20% das mulheres submetidas a histerectomias por outras razões que não a suspeita de adenomiose apresentam indícios desta doença.
Ainda não se sabe ao certo o que provoca esta doença, embora existam provas de que a prevalência aumenta com a idade. Acredita-se que “a região entre o endométrio e o miométrio fica danificada, quer devido aos processos naturais do ciclo menstrual, da gravidez e do parto, quer devido a procedimentos médicos”, escreve na Science Alert a investigadora da Universidade de Oxford Jen Southcombe.
No que toca ao tratamento, este pode ser feito de forma hormonal (com contracetivos orais, pílulas com progesterona, a inserção de uma bobina libertadora de progesterona ou mesmo um medicamento, GnRHa, que interrompe a produção natural de hormonas sexuais), mas também de forma não hormonal com, por exemplo, ácido tranexâmico.
A investigadora conclui que “existe também uma falta de conhecimento e de sensibilização para a adenomiose por parte de muitos profissionais de saúde e do público em geral. Esta situação tem de mudar para que possamos melhorar a nossa compreensão da doença, do diagnóstico e das opções de tratamento”.