Visão e Caras em risco de fechar. 30 milhões de dívidas, 150 empregos em causa

O Processo Especial de Revitalização da Trust in News (TIN), que detém a revista Visão, foi reprovado esta terça-feira com os votos da Autoridade Tributária (AT) e Segurança Social. Há mais de 30 milhões de euros de dívida.

A administração da Trust in News já tinha informado os trabalhadores de que o Processo Especial de Revitalização (PER) não iria ser aprovado.

De acordo com a RTP, há 150 empregos em risco, totalizando os 16 títulos que empresa detém.

“O plano da devedora”, a TIN, “encontra-se reprovado”, lê-se na informação enviada ao tribunal pelo administrador judicial provisório, que detalha que o ‘chumbo’ resultou dos votos dos “credores cujos créditos correspondem a 61,16% do total dos créditos reconhecidos, correspondendo a 68,03% dos votos emitidos (apurando-se a abstenção em 10,10% do total)”.

Os créditos reconhecidos ascendiam a quase 33 milhões de euros (32.940.709,87 euros) e votaram contra cerca de 20 milhões de euros (20.148.007,16 euros).

Entre os credores que votaram contra o plano de revitalização estão a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), com um total de créditos reconhecidos de 8.125.545,20 euros, e o Instituto da Segurança Social (ISS), com 8.979.252,35 euros.

De acordo com um mail da Administração Fiscal, que consta do processo, a votação desfavorável deve-se ao facto da dívida estar continuamente a subir.

“No início do PER, a AT reclamou créditos no valor de 8.125.545,20 euros” e a TIN “na presente data”, de 04 de novembro, “apresenta em dívida o valor global de 8.570.032,25 euros, o que significa que continua a constituir dívida nova”, sendo que neste montante não estão contabilizados “os valores que estão em dívida em cobrança voluntária (DMR de setembro e os valores de IVA desde maio a setembro de 2024)”, lê-se no documento.

A TIN recorreu em janeiro a um processo de reestruturação e recuperação: “Nessa data o valor em dívida era de 7.278.563,72 euros”, o que evidencia que houve um “aumento da dívida” desde o início do ano de “1.292.147,65 euros”, prossegue o fisco.

“Ou seja, não para de constituir dívida nova. Isto apesar dos compromissos assumidos para com o credor tributário de dar cumprimento ao plano prestacional implementado, bem como ao cumprimento tempestivo e integral de todas as novas obrigações tributárias vincendas”.

O Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social constatou, por seu turno, “que a empresa não cumpriu nenhum dos planos prestacionais que foram autorizados e implementados”, pelo que a Segurança Social delibera “voto contra o Plano de Revitalização apresentado”.

Do lado dos que votaram a favor do PER estão, entre outros, o BCP, cujos créditos são de 717.373,90 euros, o Novo Banco, com 3.557.280,68 euros, e a Impresa Publishing, com 4.143.085,60 euros.

A administração da TIN tinha admitido antes da votação que “o tempo e as condições necessárias não se reuniram para se conseguir manter em dia todas as contribuição mensais para o Estado, desde 29 de maio de 2024, e os ordenados e subsídios de todos os colaboradores. Tudo foi sendo feito, todos os meses, para não atrasar muito cada uma das rubricas, mas a realidade é que não foi possível ter tudo em ordem, como bem sabem”.

Além da Visão, o grupo TIN, liderado por Luís Delgado, detém os títulos, Exame, Exame Informática, Jornal de Letras, Caras, Activa, TV Mais, entre outros.

ZAP // Lusa

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