O Ministério Público acredita que a nomeação de Guta Moura Guedes fazia parte do alegado acordo entre Manuel Pinho e António Mexia para a garantia de projetos futuros na EDP para o então ministro.
Em 2009, a especialista em design Guta Moura Guedes foi nomeada para liderar um programa artístico no Algarve, num processo que, segundo o Ministério Público, estaria envolvido num alegado esquema de corrupção.
A nomeação, feita pelo então ministro da Economia Manuel Pinho, é considerada parte de um “pacto corruptivo” estabelecido entre Pinho e o administrador da EDP, António Mexia, que na época namorava com Guta Moura Guedes. Segundo a acusação, o ministro visava favorecer Mexia para garantir apoio financeiro da EDP a projetos futuros, nomeadamente à sua carreira académica pós-governo.
Através de um ajuste direto, o Turismo de Portugal pagou 176 400 euros pelo trabalho de Guta Moura Guedes, que teve uma duração de nove meses e foi inserido no programa Allgarve, criado por Pinho em 2007 para promover a cultura e o turismo na região.
A nomeação de Guta foi feita através da sua empresa, Câmara Alta – Consultoria e Design Estratégico, em substituição da Fundação Serralves, que anteriormente prestava serviços semelhantes. Além de liderar a bienal ExperimentaDesign, Guta Moura Guedes já tinha experiência como membro do conselho de administração do Centro Cultural de Belém.
O Ministério Público aponta que, apesar das qualificações de Guta, a sua contratação teria tido como objetivo fortalecer o “pacto” com Mexia. A acusação detalha que Guta Moura Guedes fez várias visitas ao gabinete do ministro, evidenciando o vínculo pessoal e de proximidade entre as partes.
Questionada pelo Público, Guta Moura Guedes refuta as alegações, afirmando que as acusações do MP são “mentiras sem qualquer fundamento”.
São todos uns mentirosos, menos os corruptos e corrompidos. O descaramento não tem limite.