Abriu, em Lisboa, uma clínica para atender grávidas e crianças sem médico de família. A clínica Nascer e Crescer, na unidade de saúde de Marvila, pretende dar resposta a cerca de 700 grávidas e 2.500 crianças até aos dois anos.
Desde que abriu portas há duas semanas, a clínica já recebeu 80 referenciações de crianças e cerca de 40 grávidas que não tinham qualquer tipo de vigilância.
“Estou a falar de grávidas, às vezes, com 20 semanas, 28 semanas que ainda não tinham tido consultas e de crianças já com 9, 10 meses, um ano sem qualquer tipo de vigilância de saúde”, disse à agência Lusa Hugo Gaspar.
O diretor clínico da Unidade Local de Saúde Local (ULS) para os cuidados de saúde primários adiantou que “o grande volume” de novas inscrições são de imigrantes que estão inscritos na ULS São José.
A clínica de atendimento para grávidas e crianças foi inaugurada esta quinta-feira pela ministra da Saúde, Ana Paula Martins, que em declarações aos jornalistas, considerou ser “o mais virtuoso de todos os exemplos” da articulação dos cuidados de saúde primários e hospitalares.
Questionada se o projeto da ULS São José será replicado por outras unidades, a ministra admitiu que haverá “nos próximos anos e, sobretudo, nos próximos meses”, um aumento deste tipo de espaços.
“É uma excelente ideia e uma forma de organização que dá de facto resposta na área maternoinfantil em proximidade de maneira muito eficaz”, disse.
Iniciativa e boa-vontade dos profissionais
Para Ana Paula Martins, “a grande virtude” destes projetos é que nascem da vontade dos profissionais, “não são impostos por decreto”, o que disse fazer toda a diferença”.
“Este é um exemplo construído pela ULS São José. Não precisaram do Governo, não precisaram de nenhum grupo de trabalho, precisaram de criatividade, apoio, inovação, trabalho de equipa, vontade. E o sonho tornou-se realidade”, enalteceu.
Na clínica, trabalham três enfermeiros especialistas de Saúde Materna e Infantil e seis médicos especialistas de Medicina Geral e Familiar.
Responsável pela parte de enfermagem da clínica, Dulce Novo contou à Lusa que fazia “imensa confusão” aos profissionais que abraçaram o projeto “não haver uma resposta para estas grávidas e estas crianças”.
O objetivo é dar uma resposta consolidada e não “criar falsas expectativas à população”, sublinhou.
Hugo Gaspar explicou que a clínica trabalha em articulação com a Maternidade Alfredo da Costa e com o hospital pediátrico D. Estefânia, defendendo que, se as grávidas e as crianças estiverem bem vigiadas, “há uma redução de incidentes de saúde bem acentuada”.
O objetivo é que uma grávida tenha no mínimo cinco consultas de vigilância, mais a revisão de parto, e a criança tenha seis consultas de vigilância no primeiro ano de vida, cumprindo as orientações da Direção-Geral da Saúde.
ZAP // Lusa