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Sem imigrantes, quem é que vai apanhar as nossas azeitonas?

EPP / Flickr

O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis

Numa altura em que os líderes da UE discutem estratégias para lidar com requerentes de asilo, o primeiro-ministro grego diz que o seu país precisa de trabalhadores.

O primeiro-ministro da Grécia, Kyriakos Mitsotakis, questiona a ideia de que a UE poderia processar os pedidos de asilo fora do bloco europeu — e acrescenta que o seu país precisa efetivamente de trabalhadores migrantes para colher as suas azeitonas.

Deixem-me ser cuidadoso. Trata-se de um acordo bilateral”, afirmou Mitsotakis esta quinta-feira ao Financial Times, referindo-se ao acordo entre a Itália e a Albânia para a criação de centros de pré-deportação para imigrantes do sexo masculino que chegam por mar.

Não sei se poderá ser replicado a nível europeu“, acrescentou o primeiro-ministro grego. “Também temos de ver se funciona de facto. Estas pessoas são tratadas de acordo com a legislação italiana em matéria de asilo e, aconteça o que acontecer, serão, de uma forma ou de outra, devolvidas a Itália“.

“Se o fizéssemos a nível europeu… para onde iriam?“, questionou Mitsotakis.

Ao abrigo de um acordo celebrado em 2023, Tirana concordou que Roma poderia enviar até 36.000 migrantes do sexo masculino que tenham sido detidos em águas internacionais, todos os anos, para dois centros deportação no norte da Albânia — onde os migrantes aguardariam que os pedidos de asilo fossem  analisados, e a eventual deportação se não fossem aprovados.

O acordo, que se segue a um projeto britânico ainda mais drástico, entretanto desmantelado, de enviar os migrantes permanentemente para o Ruanda, recebeu um apoio provisório da Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que afirmou que há “lições” a tirar do mesmo.

Segundo o Politico, quinze outros países membros da UE escreveram à Comissão pedindo-lhe que explorasse modelos semelhantes, tendo os Países Baixos, esta semana, alegadamente investigado a possibilidade de enviar para o Uganda os requerentes de asilo rejeitados.

Mas, apesar de a luta contra a imigração clandestina ser crucial para os líderes dos países da UE, Mitsotakis considera que a União Europeia também precisa urgentemente de mais trabalhadores para preencher a sua força de trabalho envelhecida.

Somos um continente que está a encolher e todos reconhecemos que, para manter a nossa produtividade, precisamos de mão de obra, qualificada ou não qualificada”, disse Mitsotakis.

Quem é que vai apanhar as nossas azeitonas?”, questionou. “Se queremos construir uma enorme vedação, vamos precisar de uma grande porta“.

ZAP //

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