O frâncio é tão radioativo que só existe durante 22 minutos. Custa mil milhões por grama

Theodore Gray

Frâncio-87

Tem uma semi-vida de apenas 22 minutos. Em determinado momento, há menos de 28 gramas de frâncio na crosta terrestre. Conheça o elemento mais caro, mais raro e altamente tóxico e instável.

Escondido no canto inferior esquerdo do primeiro grupo da tabela periódica, o frâncio (Fr) é um dos elementos mais esquivos, mais raros e sem dúvida o mais caro da famosa tabela — custa, em média, mil milhões de dólares por grama.

É tão raro que se estima que haja menos de 28 gramas na crosta terrestre, num determinado momento.

O elemento altamente radioativo pertence ao grupo dos metais alcalinos, mas, ao contrário dos seus “irmãos”, não desempenha qualquer papel biológico ou industrial essencial.

Situado no fundo da primeira coluna da tabela periódica, o frâncio é conhecido pela sua extrema radioatividade que o torna demasiado perigoso para ser manuseado ou observado diretamente.

De facto, segundo o IFL Science, nunca ninguém conseguiu obter uma amostra mensurável de frâncio, e a sua volatilidade significa que decai rapidamente antes de os cientistas o poderem estudar em qualquer quantidade significativa.

A raridade do frâncio tem despertado grande interesse científico desde os tempos de Dmitri Mendeleev, o criador da tabela periódica.

Mendeleev teorizou a existência de um metal alcalino por descobrir com um número atómico de 87, levando a uma corrida competitiva entre investigadores para o encontrar.

No entanto, só em 1939 é que Marguerite Perey, uma cientista francesa e antiga assistente de Marie Curie, detetou pela primeira vez o frâncio-223, o único isótopo natural do elemento, enquanto trabalhava com actínio.

O frâncio-223 forma-se durante o decaimento radioativo do actínio e tem uma semi-vida extremamente curta, de apenas 22 minutos, o que significa que metade dos átomos de uma determinada amostra desaparecem nesse espaço de tempo, tornando-se rapidamente noutros elementos. Por exemplo: se tivermos à nossa frente 2 gramas de frâncio, no espaço de 22 minutos teremos apenas 1 grama.

Em comparação, o isótopo urânio-235, normalmente utilizado na energia nuclear, tem uma semi-vida de aproximadamente 700 milhões de anos.

Como seria de imaginar, este curto período de vida do frâncio dificulta — e muito — o trabalho dos cientistas, que não têm tempo de estudar as suas propriedades ou potenciais utilizações.

Um mistério na tabela periódica

Apesar da sua natureza fascinante, o frâncio continua a representar, em grande parte, uma enorme curiosidade científica.

Não tem aplicações conhecidas, ao contrário de outros metais alcalinos como o lítio ou o sódio, que são vitais para baterias e processos biológicos.

Os cientistas que desejam explorar as propriedades do frâncio têm de o criar artificialmente, bombardeando o rádio com neutrões ou o tório com protões em laboratório.

Devido à sua radioatividade, o frâncio é altamente perigoso para a saúde humana, embora a sua escassez signifique que não é uma preocupação para a população em geral.

Tomás Guimarães, ZAP //

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