Atua nos supermercados com uma “lista de compras” de coisas que precisam de roubar. Bens roubados são vendidos no continente a preços que “aproveitam ao máximo” a escassez da bebida no pós-pandemia.
A britânica BBC revelou um esquema de furtos cada vez mais profissionais em supermercados no Reino Unido, operado por um gangue.
Os ladrões — que geralmente atuam em grupos de três — misturam-se com os outros clientes enquanto percorrem o corredor das bebidas alcoólicas e pegam casualmente em garrafas de champanhe das prateleiras. Empurram um carrinho ou levam um cesto de compras.
Com auriculares Bluetooth, comunicam e alertam-se mutuamente sobre a movimentação dos seguranças do supermercado.
No momento do furto, um membro do grupo aciona o alarme de segurança para distrair a equipa do supermercado, enquanto outro simplesmente sai da loja com os produtos roubados.
“É como uma operação mafiosa. É gerido como um negócio“, diz Sarah Bird, da National Business Crime Solution (NBCS), uma organização que trabalha com 100 empresas para combater o crime no retalho no Reino Unido.
Os criminosos foram apelidados de “máfia do champanhe” pela organização, isto porque esse é o principal produto que costumam roubar. Estima-se que tenham roubado cerca de 73 mil libras (840 mil euros).
Escassez de champanhe na Europa motiva roubos
O gangue “aproveitou ao máximo” a escassez de champanhe na Europa continental há 18 meses, impulsionada por um aumento na procura pós-pandemia COVID-19 e pelo fracasso de algumas colheitas. Isto intensificou o mercado paralelo, segundo Bird.
O grupo tem uma hierarquia clara, com pessoas a comandar as operações e um fluxo de elementos pagos. “Viajam para um local específico, têm uma lista de compras de coisas que precisam de roubar. Roubam os produtos e recebem um pagamento diário”, explica Bird.
A sofisticada operação de furto realizada pelo gangue está agora a ser replicada por outros grupos criminosos em todo o país.
A NBCS avança que está a rastrear 63 grupos criminosos organizados em todo o Reino Unido, que roubaram pelo menos 20 milhões de euros em mercadorias em cinco anos. Desses, 26 grupos são originários do Reino Unido e da Irlanda, sendo os restantes predominantemente de países da Europa de Leste.
Só duas pessoas foram processadas
O gangue do champanhe é originário da Roménia e é responsável por 60 incidentes de furto em todo o Reino Unido, de acordo com os dados da NBCS. Entraram no radar da organização no início de 2023, mas desde então começaram a roubar outros tipos de bebidas alcoólicas e carne para responder a uma nova procura.
O grupo muda de tática quando surgem novas tecnologias no mercado que podem afectar as suas operações. “No início, usavam carrinhos para tirar mercadorias das lojas”, diz Bird, “mas os retalhistas investiram em tecnologia que imobiliza os carrinhos em certos pontos das lojas. Então, começaram a usar cestos e sacos para roubar as mercadorias.”
Embora a máfia normalmente atue em grupos de três, num único furto participaram pelo menos sete elementos dentro do supermercado. “Acreditamos que aproveitaram a oportunidade na loja como um dia de treino para os novos recrutas — mostrando como funciona o esquema e, depois, colocando-os a trabalhar”, diz Bird.
“Se forem apanhados, são descartáveis. Geralmente, se forem presos e acusados, são libertados sob fiança e, muitas vezes, voltam para o seu país — neste caso, para a Roménia” — apenas dois membros do grupo foram processados até agora, de acordo com a NBCS.
Bens roubados são vendidos no continente europeu
E não são só os ladrões que acabaram por voltar para a Roménia. Acredita-se que os itens roubados pelo grupo também tenham sido enviados para o país, diz Bird. Câmaras de reconhecimento automático de matrículas indicam que os veículos do gangue viajam para a Europa com os bens roubados.
“Isto funciona como uma cadeia de abastecimento eficiente. Os bens são movimentados do Reino Unido para o continente para serem vendidos em países como a Roménia”, explica.
Os retalhistas afirmam que os furtos aumentam os custos dos produtos para os restantes consumidores.
Sarah Walker, gerente de uma loja de departamentos da cadeia Browns, afirma que estes gangues estão a ficar mais sofisticadas. Em março, um grupo roubou perfume da sua loja e, 90 minutos depois, tinha como alvo outra loja da Browns, a mais de 40 quilómetros de distância. “Fizeram pesquisas de mercado e identificaram as lojas que têm os produtos que querem. É tudo planeado”, afirma Walker.
“Não esperas chegar ao trabalho e ser empurrado por alguém que tem uma lista de compras — é crime organizado e é um golpe para o nosso negócio”, diz Walker, que reporta os incidentes de furto à polícia, mas pouco é feito e ninguém é preso.
// BBC
“para serem vendidos em países como a Roménia” — por membros daquela etnia da qual não se pode falar, depreende-se.
Para 73 mil libras corresponderem a 840 mil euros a libra teria de estar um “bocado mais forte” do que o que está…
“Os retalhistas afirmam que os furtos sobem o preço para os consumidores”
Pudera!
Por isso mesmo, é que com tanta tecnologia disponível nunca se interessaram em desenvolver um alarme eficaz para os produtos!!!