Afinal, o asteroide que matou os dinossauros não o fez sozinho

Anthony Hutchings

Ilustração artística do dinossauro da Ilha de Wight.

O asteroide que levou os dinossauros à extinção, há 66 milhões de anos, não estava sozinho: um novo estudo encontrou evidências de um “evento catastrófico” provocado por outro asteroide.

Novas análises da cratera submarina Nadir, encontrada na costa da África Ocidental, mostraram que esta formação surgiu quando outra rocha espacial colidiu com o nosso planeta.

O evento ocorreu por volta do final do Período Cretácico — que foi também quando aconteceu a extinção dos dinossauros.

Uisdean Nicholson, geólogo marinho que estudou a cratera e publicou as descobertas num estudo na revista Nature Communications Earth & Environment, descobriu a cratera Nadir em 2022, e, na altura, os detalhes da sua formação ainda eram incertos.

Os novos dados mostraram que o impacto violento, ocorrido entre 65 e 67 milhões de anos atrás, abriu uma cratera com cerca de oito quilómetros de diâmetro. O asteroide parece ter medido cerca de 400 metros e atingiu a Terra enquanto se deslocava a quase 75 mil km/h.

Se for esse o caso, o objeto seria menor que o asteroide responsável pela extinção em massa no nosso planeta, mas suficientemente grande para deixar marcas significativas.

“As novas imagens descrevem uma cena de um evento catastrófico”, explicou Nicholson

O impacto parece ter causado tremores fortes, que derreteram os sedimentos no fundo do oceano e formaram falhas sob o leito oceânico. Além disso, a colisão causou deslizamentos com vestígios visíveis por milhares de quilómetros quadrados para além da borda da cratera.

Os efeitos não se ficaram por aí: a colisão do objeto causou um tsunami com 800 metros de altura, que pode ter percorrido as águas do Atlântico.

Por agora, não está claro onde exatamente ocorreu a colisão. Por outro lado, a descoberta da cratera e da sua idade aproximada sugerem que é uma de várias crateras formadas por impactos no final do Cretácico.

Para comparação, o asteroide relacionado com a extinção dos dinossauros era consideravelmente maior do que aquele que formou Nadir e deixou uma cratera com mais de 180 quilómetros na península de Yucatán, no México.

“O mais próximo que os humanos chegaram de ver algo semelhante foi o Evento de Tunguska em 1908, quando um asteroide de 50 metros entrou na atmosfera da Terra e explodiu nos céus da Sibéria”, recordou Nicholson.

“Os novos dados sísmicos em 3D de toda a cratera Nadir são uma oportunidade sem precedentes para testar hipóteses sobre crateras de impacto, desenvolver novos modelos de formação de crateras no ambiente marinho e compreender as consequências de um evento deste tipo”, concluiu.

ZAP // CanalTech

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