O capitão português Barros Basto, falecido em 1961, é comparado a Alfred Dreyfus pela comunidade judaica do Porto, que considera o seu caso semelhante ao do oficial francês que foi expulso do exército francês.
A neta do capitão do exército português Artur Carlos Barros Basto, apresentou uma ação no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem para que o Estado português reintegre o avô nas Forças Armadas e apresente um pedido de desculpas, informou na sexta-feira a comunidade judaica do Porto.
O capitão Barros Basto, que em 1923 foi um dos fundadores da comunidade judaica do Porto, foi afastado das suas funções no exército português em 1937, depois de ter participado na circuncisão dos seus alunos.
Esta medida retirou-lhe também o salário, a pensão e as regalias sociais, declarou a comunidade.
“Na base do afastamento do meu avô estiveram cartas anónimas caluniosas — a velha tática contra os judeus — que o acusavam de comportamentos imorais”, afirmou a neta do militar, Isabel Barros Lopes, em 2023 numa nota enviada à imprensa.
“O Estado aproveitou as denúncias para investigar a vida do meu avô até ao limite e, sendo as acusações eram falsas, improvisou uma vergonhosa condenação por ele intervir nas operações de circuncisão dos seus alunos”, detalhou a neta do antigo capitão.
Barros Basto, que faleceu em 1961, é comparado pela comunidade judaica a Alfred Dreyfus, o oficial francês que foi expulso das Forças Armadas francesas e destituído das suas patentes depois de ter sido injustamente acusado, julgado e condenado por traição em 1894.
Segundo a comunidade judaica, as várias tentativas de reintegração de Barros Basto ao longo dos anos foram inconclusivas. Perante a inação do Estado português, a neta de Barros Basto recorreu ao Tribunal Europeu.
O recurso argumenta que o artigo 6.º da Convenção Europeia dos Direitos do Homem, que garante a qualquer pessoa o direito a uma audiência justa num prazo razoável, foi violado no caso do capitão.
A ação agora apresentada em tribunal pede “uma decisão firme contra o Estado português e uma exortação a esse Estado para reintegrar Arthur Carlos Barros Basto como coronel a título póstumo e para emitir um pedido de desculpas à família do oficial visado por um caso terrível que se arrasta há quase um século”
“Esta é uma causa justa e uma causa em que eu gostaria de ver finalmente justiça e não deixá-la para a próxima geração lutar”, diz Isabel Barros Lopes, citada pelo The Jerusalem Post.
“Especialmente com o antissemitismo a aumentar em todo o mundo, é vital que os erros do passado sejam corrigidos e que o meu avô seja reintegrado postumamente no exército que amou e pelo qual lutou a maior parte da sua vida”, acrescenta a neta do antigo militar português.
“Demos às autoridades portuguesas amplas oportunidades para fazerem o que está correto, por isso agora temos de levar o nosso apelo oficial ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem”, salientou.
Em 2019, a comunidade judaica dedicou uma longa-metragem, intitulada Sefarad, ao Capitão Barros Basto. O filme, que conta a história dos judeus do Porto desde 1923, pode ser visto gratuitamente no YouTube.
É preciso acabar e proibir de uma vez por todas em Portugal a mutilação genital masculina como a circuncisão e outras, não sendo admissível que em pleno Século XXI esta prática sádica, violenta, infundada, e criminosa, assim como a pseudo-ciência e pseudo-medicina que a promove, continue a ser permitida.
Relativamente à reintegração do Sr.º Capitão Artur Basto, a dr.ª Isabel Lopes se realmente quer a reintegração do seu Avô no Exército de Portugal terá de provar que o seu afastamento foi injusto, e até agora nas suas declarações não o foi capaz de provar e fundamentar.