As grávidas devem telefonar para a linha SOS Grávida antes de se deslocarem para as urgências. Em casos de emergência, as pacientes que se deslocam pelos próprios meios terão de tocar à campainha.
Os hospitais da região de Lisboa estão prestes a implementar uma mudança significativa no atendimento de urgências de obstetrícia. De acordo com um plano em desenvolvimento, as portas das urgências deixarão de estar abertas ao público sem referência prévia.
As grávidas passarão a ser atendidas exclusivamente mediante uma avaliação prévia, que pode ocorrer via contacto telefónico, encaminhamento do médico, ou através do sistema de emergência pré-hospitalar. Para as restantes situações, será instalada uma campainha à entrada dos serviços hospitalares, explica o Expresso.
Essa medida, que está a ser preparada por um grupo de peritos nomeado pelo Governo, deverá entrar em vigor dentro de três semanas, com prioridade para a região de Lisboa. A estratégia, no entanto, tem potencial para ser estendida a todos os hospitais do país que ofereçam serviços de obstetrícia.
Os promotores desta nova abordagem esperam que o modelo reduza significativamente as admissões desnecessárias nas urgências, que atualmente representam cerca de 40% dos atendimentos.
No entanto, a implementação poderá enfrentar desafios específicos em áreas como a Península de Setúbal e Leiria. Nessas regiões, poderá ser necessário criar um serviço de urgência partilhado, metropolitano ou regional, devido à complexidade de um hospital perder este tipo de serviço. Exemplos disso incluem a possibilidade de Setúbal partilhar serviços com o Barreiro e Garcia de Orta, e Leiria com Caldas da Rainha e Santarém.
Durante a fase experimental de três meses, as grávidas terão que contactar a linha SNS Grávida antes de se dirigirem a uma urgência. Dependendo da situação, poderão receber orientações para autocuidados, ter uma consulta marcada em até 72 horas, ou serem encaminhadas diretamente para um enfermeiro especialista em saúde materna e obstétrica (EESMO).
Em casos de emergência, o acesso direto às urgências será permitido apenas via transporte INEM ou após contacto com o 112. Caso contrário, as grávidas que se dirigirem diretamente à urgência terão que tocar a campainha para serem avaliadas por um EESMO, que decidirá se a paciente deve ser admitida ou encaminhada para consulta posterior.
Além disso, está em estudo a possibilidade de pagamento de incentivos às equipas obstétricas para assegurar a eficácia do novo modelo, de forma a garantir que os profissionais não reduzam o seu tempo de trabalho para realizar turnos em outras unidades hospitalares.