“Abanão” na Nike. Novo CEO começou como estagiário, há mais de 30 anos

Nike

Elliot Hill, novo CEO da Nike.

Numa altura em que procura uma nova vida, a gigante da moda desportiva nomeou Elliott Hill como novo Diretor Executivo. Tem o “currículo perfeito” — e isso já se fez notar na bolsa.

A Nike Inc. anunciou que Elliott Hill, executivo veterano com 32 anos de experiência na empresa, assumirá o papel de novo CEO, sucedendo assim a John Donahoe no cargo.

A mudança de liderança, com o objetivo de rejuvenescer as vendas e fazer face à crescente concorrência, já provocou uma reação positiva por parte dos investidores: as ações subiram 8% nas negociações fora de horas.

O ano arrancou com uma simplificação pouco habitual da gama de produtos da gigante, bem como um corte nos postos de trabalho como parte de um plano de recuperação e redução de custos. O objetivo? Poupar dois mil milhões de euros em três anos para reinvestir e alimentar o crescimento a longo prazo. Mas até agora, esses resultados estão por aparecer.

Tudo isso pode estar prestes a mudar. O currículo de Hill surpreende: analisando o seu perfil no Linkedin, podemos acompanhar  +a sua evolução “perfeita” dentro da empresa. Há 32 anos, entrou para os quadros da Nike como estagiário.

“Eu tinha amostras comigo e telefonava, marcava encontros, aparecia na loja de artigos desportivos e apresentava a linha”, disse Hill num podcast de dezembro de 2023. “Criei relações inacreditáveis com algumas dessas pessoas. Ainda hoje, mantenho contacto com alguns desses retalhistas.”

Hill desempenhou o cargo de Presidente do Mercado de Consumo da Nike e supervisionou as operações comerciais e de mercado das marcas Nike e Jordan antes de se reformar, em 2020.

Assumirá oficialmente o cargo de CEO a 14 de outubro com um pacote de compensação de Hill que inclui um salário base anual de 1,5 milhões de dólares (cerca de 1,34 milhões de euros), de acordo com um registo regulamentar obtido pela Reuters.

A nomeação de Hill foi imediatamente bem recebida por analistas e investidores.

“Parece claramente que a Nike quis trazer de volta alguém com muita experiência” e “profundo conhecimento da Nike e dos seus problemas — ao contrário de John Donahoe, que chegou sem qualquer experiência no setor”, disse David Swartz, analista sénior da Morningstar Research.

“Piso escorregadio”

Sob a liderança de Donahoe, a Nike expandiu com êxito a sua presença online e aumentou as vendas através de canais diretos ao consumidor, especialmente durante o aumento pós-pandémico da procura de vestuário desportivo e de lazer.

No entanto, a empresa enfrentou um forte abrandamento do crescimento, prevendo-se que as vendas anuais diminuam para 48,84 mil milhões de dólares no exercício de 2025, contra mais de 50 mil milhões de dólares em 2023.

A Nike também se debateu com a falta de produtos inovadores, o que levou a uma diminuição da procura à medida que marcas rivais como a On Running e a Hoka da Deckers ganharam popularidade.

 

A empresa enfrentou difíceis desafios nos últimos anos, desde relações tensas com parceiros retalhistas a objetivos de vendas não atingidos.

Enquanto a Nike tenta atravessar este “piso escorregadio”, espera-se que os antecedentes de Hill, em especial a sua experiência com a marca Jordan, sejam fundamentais para recuperar o ímpeto.

O primeiro impacto do veterano foi muito positivo e refletiu-se nos investidores: o valor de mercado da Nike aumentou em 11 mil milhões de dólares após o anúncio da nomeação de Hill.

Tomás Guimarães, ZAP //

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