A ideia é melhorar o bem-estar a nível mental, ter uma vida mais equilibrada. Mas esta doutrina greco-romana tem resultados?
Estoicismo: doutrina que aconselha a indiferença e o desprezo pelos males físicos e morais e a insensibilidade perante quanto pode apaixonar ou afectar, lemos no dicionário.
É uma doutrina muito antiga, já vem dos tempos da Grécia Antiga e da Roma Antiga. Mas voltou a estar na moda, aparentemente.
Como destaca o El País, o estoicismo ressurgiu como uma filosofia popular para melhorar o bem-estar mental, sendo adotado por muitas pessoas em busca de uma vida mais equilibrada.
A ciência apareceu. Investigadores começaram a analisar cientificamente os efeitos desta antiga doutrina greco-romana sobre a saúde mental.
Um estudo de 2021 indicou que os ensinamentos estoicos ajudavam a reduzir a ruminação de pensamentos negativos.
Os participantes foram expostos a leituras selecionadas e princípios básicos do estoicismo, como a distinção entre factos e juízos, um conceito chave nesta filosofia que aponta que o mal-estar provém mais de como interpretamos os eventos, do que dos eventos em si.
Outra análise, no ano seguinte, mostrou que os estudantes de medicina que praticavam técnicas estoicas aumentaram a sua resiliência e empatia.
Sobretudo quando utilizaram a visualização negativa: uma técnica onde as pessoas contemplam os piores cenários possíveis para promover a aceitação e a serenidade.
No entanto, nem toda a utilização do estoicismo é benéfica. Outro estudo, também de 2022, investigou uma versão reducionista do estoicismo, o “estoicismo ingénuo”, caracterizada pela repressão emocional..
Esta interpretação pode ter um impacto negativo no bem-estar. Aguentar de forma estoica não parece um bom conselho. Até podem sofrer de um “certo preconceito de género”, pois priorizam uma ideia de masculinidade equivalente à “repressão emocional”.
Uma curiosidade: se consultar uma consulta de psicologia, provavelmente o psicólogo vai sugerir pensamentos e gestão de emoções através do estoicismo (pelo menos de forma indirecta). É que o estoicismo está muito presente na terapia cognitivo-comportamental, uma das mais utilizadas na psicologia.
Britanny Polat, fundadora da organização não governamental Stoicare, comentou que entrar no estoicismo esclarece a procura por um “propósito de vida”. E acredita que este método para responder aos nossos “porquês existenciais” deveria passar a ser uma prioridade na investigação.
Os criadores da Terapia Cognito-comportamental inspiraram-se muito no Estoicismo.