Os esforços de conservação direcionados para apenas 0,7% da massa terrestre podem ajudar a salvar um terço das espécies ameaçadas de extinção.
É possível obter grandes ganhos em termos de conservação se nos concentrarmos em áreas que albergam uma biodiversidade e espécies com elevados níveis de distinção evolutiva e em perigo a nível mundial.
Segundo o Phys.org, apenas 20% das áreas identificadas no estudo estão sob alguma forma de proteção, sendo que a maioria delas enfrenta níveis consistentes e crescentes de pressão humana.
Um novo estudo, publicado na semana passada na Nature Communications, destaca as regiões do mundo que são motivo de preocupação imediata e também que, ao proteger apenas uma fração da superfície terrestre, é possível obter bons resultados para a preservação da natureza.
O projeto identificou áreas específicas de interesse para a conservação com níveis elevados de história evolutiva ameaçada, marcadas pela concentração de espécies Evolutivamente Distintas (ED) e Globalmente Ameaçadas (GE).
Os investigadores mapearam a distribuição de quase 3000 espécies EDGE, identificando 25 zonas onde os esforços de conservação podem ter maior impacto.
As áreas de maior abundância de espécies EDGE incluem grandes partes do Sudeste Asiático e da planície indo-gangética, a bacia amazónica e a Mata Atlântica, bem como em Hispaniola, as terras altas dos Camarões e as montanhas do Arco Oriental da África Oriental.
Através do estudo, os autores descobriram que que 75,6% das espécies EDGE existem num único país e que a grande maioria das Zonas EDGE enfrentam elevados níveis de perturbação humana, incluindo privações em termos de educação, saúde e padrões de vida.
Os autores do estudo encontraram o máximo de riqueza de biodiversidade numa área de menos de 100 km2 em Madagáscar, que, juntamente com o México e a Indonésia, continha o maior número de espécies ameaçadas.
“Estamos atualmente no meio de uma crise de biodiversidade, impulsionada pela utilização insustentável dos recursos naturais. Cerca de 80% das zonas que identificámos estão sob elevados níveis de pressão da atividade humana”, explica o autor principal do estudo, Rikki Gumbs.
O estudo mostra assim que é possível obter grandes ganhos de biodiversidade com pequenos acréscimos às áreas protegidas a nível mundial e que esta investigação oferece o potencial para alargar a abordagem da Zona EDGE a outros grupos importantes de vida selvagem, como plantas e peixes.