Uma equipa de cientistas sequenciou o maior genoma animal conhecido. É 30 vezes maior que o genoma humano.
O genoma pertence ao Lepidosiren paradoxa, um peixe pulmonado capaz de respirar ar e água, com barbatanas semelhantes a membros e uma constituição esquelética bem desenvolvida.
Num novo estudo, publicado a semana passada na Nature, os investigadores centraram-se na sequenciação de três espécies de peixes pulmonados, um de África, um da América do Sul e um da Austrália.
A comparação dos genomas dos peixes pulmonados permitiu-lhes entender a base genética das diferenças entre as linhagens ainda presentes atualmente.
Segundo o ScienceAlert, os investigadores também conseguiram registar algumas diferenças entre as três espécies.
Os peixes pulmonados australianos têm apenas um pulmão e ainda podem usar as guelras, tendo também conservado as barbatanas em forma de membros que lhes permitiam deslocar-se em terra.
Por sua vez, os peixes pulmonados africanos e sul-americanos têm brânquias atrofiadas e um par de pulmões, e os seus membros evoluíram para barbatanas filamentosas.
“Com mais de 90 mil milhões de bases, o ADN da espécie sul-americana é o maior de todos os genomas animais e mais do dobro do genoma do anterior detentor do recorde, o peixe pulmonado australiano”, afirma o primeiro autor do estudo, Axel Meyer.
“Dezoito dos 19 cromossomas do L. paradoxa sul-americano são individualmente maiores do que todo o genoma humano, com os seus quase 3 mil milhões de bases”, acrescenta.
Os transposões são responsáveis pelo facto de o genoma do peixe pulmonado ter atingido este tamanho ao longo do tempo. Estes são uma sequência de ADN que se pode mover em diferentes partes do genoma de uma célula, o que por sua vez faz com que o mesmo cresça.
Embora também ocorra noutros organismos, este estudo revelou que a taxa de expansão do genoma do peixe pulmonado sul-americano é a mais rápida alguma vez registada— a cada 10 milhões de anos, o seu genoma cresceu no tamanho de todo o genoma humano.
Estudos adicionais de genómica comparativa permitirão, em breve, obter mais informações sobre os antepassados com barbatanas dos vertebrados terrestres, e ajudar a resolver o mistério de como os vertebrados chegaram à terra.