O objeto está a mover-se tão rapidamente que se prevê que deixe para trás a Via Láctea e se lance na vasta escuridão do espaço intergaláctico. Os cientistas sugerem que pode ser, literalmente, uma estrela cadente
Normalmente, as estrelas mais conhecidas da nossa galáxiaorbitam pacificamente o centro da Via Láctea.
Mas recentemente, uma equipa de cientistas cidadãos que trabalham no projeto Backyard Worlds: Planet 9 da NASA ajudou a descobrir um objeto que se move tão rapidamente que vai escapar à gravidade da Via Láctea e disparar para o espaço intergaláctico.
Este corpo hiper-veloz , designado CWISE J124909.08+362116.0, é o primeiro objeto deste tipo encontrado com uma massa semelhante ou inferior à de uma pequena estrela.
Dados captados por telescópios terrestres sugerem que este objeto pode também ser literalmente uma estrela cadente – uma pequena estrela ou anã castanha – que veio de perto do centro da galáxia.
A descoberta foi apresentada num artigo publicado no início deste mês na revista Astrophysical Journal Letters.
A equipa de investigadores é constituída em parte por astrónomos amadores, que participaram no projeto de crowdsourcing da NASA Backyard Worlds: Planet 9.
Estes chamados “cientistas cidadãos” foram os primeiros a notar o objeto em movimento rápido, que foi mais tarde confirmado por profissionais utilizando telescópios terrestres.
“Não consigo descrever o nível de excitação”, diz Martin Kabatnik, cidadão cientista de Nuremberga, na Alemanha, em comunicado da NASA. “Quando vi pela primeira vez a rapidez com que se movia, fiquei convencido de que já devia ter sido registado”.
De acordo com os autores do artigo, esta é a “primeira estrela de massa muito baixa ou anã castanha em hipervelocidade a ser encontrada” e a sua existência sugere que existem outras como ela, embora raras.
“Pode representar uma população mais vasta de objetos de muito alta velocidade e baixa massa que sofreram acelerações extremas”, lê-se no artigo.
Mas o que é que acelerou a estrela ou anã castanha a uma velocidade tão absurda? Os investigadores pensam que há dois cenários possíveis:
Uma das hipóteses aventada é que se trata de uma estrela companheira de uma estrela anã branca que sofreu um evento de supernova. Esta explosão basicamente teria atirado a estrela companheira para fora de órbita e para o espaço a grande velocidade, de acordo com o artigo.
A estrela cadente pode também ter feito parte de um aglomerado globular, um grupo de estrelas ligadas pela gravidade, que encontrou dois buracos negros, fazendo com que se separasse e saltasse para longe.
“Quando uma estrela encontra um binário de buracos negros, a dinâmica complexa desta interação de três corpos pode atirar essa estrela para fora do aglomerado globular”, explica Kyle Kremer, professor assistente de astronomia da UC San Diego e co-autor do estudo.
Os investigadores propõem-se agora analisar melhor o objeto celeste em movimento rápido com ferramentas avançadas, como telescópios de infravermelhos, para poderem determinar qual é o cenário mais provável.