É, de certa forma, uma escolha surpreendente. O Governador do Minnesota foi escolhido à frente de Josh Shapiro e Mark Kelly e deve ser anunciado ainda esta terça-feira. Postura alegre terá convencido a candidata democrata.
O governador do estado norte-americano do Minnesota, Tim Waltz, é o candidato do Partido Democrata a vice-presidente escolhido por Kamala Harris, que encabeçará a candidatura. A notícia é avançada pela agência de notícias AP e pela CNN, que cita quatro fontes próximas da candidatura.
Fiel defensor da continuidade da candidatura Joe Biden até este desistir da corrida, Waltz era um de três políticos democratas nos quais Harris tinha focado a sua busca por um parceiro de candidatura, a par do governador da Pensilvânia Josh Shapiro e do senador do Arizona Mark Kelly.
Terá sido na última semana que Kamala se aproximou de Walz, após o (agora) candidato a vice-presidente ter dado início a uma série de ataques contra os candidatos republicanos — tanto Donald Trump como o seu ‘vice’, JD Vance, foram categorizados como “estranhos” na estratégia do novo braço direito de Harris.
O atual Governador do Estado do Minnesota, natural de uma pequena vila, é visto como a opção mais progressista do lado democrata. No Minnesota conseguiu aprovar medidas bastante populares, como refeições escolares gratuitas para todos, cortes de impostos para a classe trabalhadora, 12 semanas pagas de licença parental, cursos gratuitos nas universidades públicas ou o registo automático dos eleitores.
Ex-educador, professor, treinador de futebol-americano e comandante da Guarda Nacional do Exército, Walz, de 60 anos, já esteve 12 anos no Congresso, mas foi à frente do Minnesota que enfrentou os maiores desafios da sua carreira política.
Foram seis anos de mandato marcados não só pela pandemia COVID-19, mas também pelo assassinato de George Floyd às mãos de um polícia, que desencadearia manifestações anti-racistas em escala mundial.
Walz é presença alegre e com sentido de humor — fator que terá impressionado Kamala Harris e contribuído para a sua seleção.
A Internet também ajudou a sua nomeação: se há umas semanas não estava no topo da lista de praticamente nenhum analista para vice-presidente democrata, a sua postura relaxada e humorística e os ataques diferidos contra republicanos terão impulsionado a sua posição — apesar de sondagens recentes sugerirem que o “seu” estado, Minnesota, não deverá ser muito competitivo.
Será um “bom parceiro governativo” para Kamala, acredita o analista John King, da CNN, e capaz de defender a vice-presidente do rótulo “perigosamente liberal” espalhado por Trump, diz ainda.
“Estamos num território desconhecido com uma campanha tão tardia, com a escolha do vice-presidente de Donald Trump a ter um lançamento mais difícil. E por isso, se tiver observado, o governador Walz impressionou toda a gente“, disse o analista.
O candidato oferece também outro “nível de conforto”: pode concentrar-se em captar um mercado televisivo mais pequeno, enquanto Harris se foca na sua imagem a nível nacional.
“O tempo que passaram juntos quando Walz estava em campanha para a reeleição em 2022, e quando visitaram a clínica de aborto em março deste ano, aparentemente teve um grande impacto. Para além disso, a campanha de Harris, tal como a de todos nós, viu o quanto Walz era energizante para a base. Viram como é popular no Minnesota, depois de ter aprovado aqui uma agenda histórica e progressista. A avaliação de Walz correu extremamente bem. Por isso, como as pessoas estão a dizer, foi uma espécie de situação perfeita. Todos os elementos estavam corretos”, disse fonte próxima de Walz à CNN.
O anúncio oficial deve acontecer ainda esta terça-feira, mas uma equipa da campanha de Kamala Harris já foi vista perto da mansão do governador para o cumprimentar e levá-lo de avião para Filadélfia, onde deverá aparecer publicamente lado aq lado com a candidata democrata no seu primeiro comício.
Equipa de Trump já ataca o novo ‘vice’
Pouco depois de a notícia ter sido avançada, a equipa do candidato republicano Donald Trump começou a atacar o escolhido de Kamala.
Fontes da campanha republicana dizem à CNN que a escolha de Walz ajudará a argumentar que Harris é um liberal radical.
O vice-presidente “dobrou o joelho para a esquerda antissemita e anti-Israel e escolheu alguém tão perigosamente liberal como ela”, disse outra fonte da campanha.
Com a escolha de Walz em vez de Shapiro, Kamala Harris fez com que a Pensilvânia “esteja definitivamente em aberto”, acreditam alguns aliados de Trump citados pela CNN.