Uma equipa de cientistas descobriu provas de que o centro do manto de gelo da Gronelândia derreteu num passado geológico recente e que a ilha, agora coberta por gelo, era o lar de uma paisagem verde.
Através da reavaliação de alguns centímetros de sedimento do fundo de um núcleo de gele com dois quilómetros de profundidade extraído no centro da Gronelândia em 1993, os cientistas ficaram estupefactos ao descobrir que o solo continha madeira de salgueiro, partes de insetos, fungos e uma semente em estado puro.
Um novo estudo, publicado esta segunda-feira no Proceedings of the National Academy of Sciences, confirma que o gelo da Gronelândia derreteu e a ilha ficou verde durante um período quente anterior, sugerindo que o manto de gelo é mais frágil do que os cientistas se tinham apercebido nos últimos anos.
Em 2016, uma equipa de investigadores testou rochas do fundo do mesmo núcleo de gelo de 1993 (denominado GISP2).
Através desse estudo os investigadores sugeriram que o atual manto de gelo não poderia ter mais de 1,1 milhões de anos, que houve períodos prolongados sem gelo durante o Pleistoceno e que se o gelo fosse derretido no local do GISP2, 90% do gelo também seria derretido.
Posteriormente, em 2019, uma equipa internacional de cientistas reexaminou outro núcleo de gelo, extraído na década de 1960. Através dessa análise, ficaram surpreendidos ao descobrir galhos, sementes e partes de inseto no fundo desse núcleo, revelando que o gelo ali tinha derretido nos últimos 416.000 anos.
Segundo o Phys.org, o estudo agora publicado confirma a hipótese da “frágil Gronelândia” de 2016 e aumenta os motivos de preocupação, mostrando que a ilha esteve suficientemente quente para que todo um ecossistema se estabelecesse onde o gelo tem três quilómetros de profundidade.
“Este novo estudo confirma e amplia o facto de ter ocorrido uma grande subida do nível do mar numa altura em que as causas do aquecimento não eram extermas. Além disso, também fornece um aviso dos danos que podem surgir a partir do aquecimento global”, conclui o cientista, Richard Alley.
Por fim, a amostra retirada do local onde o gelo é mais espesso expande as descobertas costeiras com o manto de gelo da ilha.