É cada vez mais difícil distinguir quando, num computador, estamos a falar com um humano ou com inteligência artificial (IA). Num ensaio recente, o ChatGPT-4 passou com distinção no teste de Turing.
Num estudo, publicado recentemente no arXiv, centenas de pessoas foram convidadas a conversar com quatro “agentes” – um humano e três modelos diferentes de IA – para avaliar se conseguiam distinguir a diferença entre eles.
Este estudo é uma réplica do “teste de Turing”, proposto por Alan Turing em 1950, para avaliar se uma máquina pode demonstrar inteligência indistinguível da humana. Para que uma máquina passe no teste de Turing, tem de ser capaz de falar com alguém e fazer com que essa pessoa pense que é humana.
Os participantes conversaram durante cinco minutos com um humano, com o programa de IA ELIZA dos anos 1960, e com os modelos de linguagem GPT-3.5 e GPT-4.
Após a conversa, os participantes tiveram de dizer se achavam que tinham estado a falar com um humano ou com uma IA.
Os resultados revelaram que o GPT-4 foi considerado humano 54% das vezes – num resultado sem precedentes -, enquanto o GPT-3.5 obteve 50%. Já o ELIZA foi identificado como humano apenas 22% das vezes. O humano verdadeiro foi identificado corretamente 67% das vezes.
O que será do futuro com a IA?
Como disse a investigadora de IA no Instituto de Engenheiros Eléctricos e Electrónicos (IEEE), Nell Watson, à LiveScience, o estudo sublinha preocupações quanto às consequências sociais e económicas de sistemas de IA percebidos como humanos.
“[As IA] podem ser sujeitas a preconceitos cognitivos, enganadas e manipuladas, e estão a tornar-se cada vez mais enganadoras“, considerou.
Ainda assim, os cientistas criticam o teste de Turing por ser demasiado simplista, sugerindo que “os factores estilísticos e socio-emocionais desempenham um papel mais importante na aprovação no teste de Turing do que as noções tradicionais de inteligência”.
Como escreve a LiveScience, esta conclusão sugere que temos andado à procura da inteligência das máquinas no sítio errado.
“O que é ou não humano?” representa um desafio para futuras interações homem-máquina, levantando questões sobre a sua verdadeira natureza.