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As armadilhas estão a destruir a vida selvagem do Sudeste Asiático

Silviculture / Wikimedia

Saola (Pseudoryx nghetinhensis)

Há um grave problema da caça ilegal nas florestas Sudoeste Asiático. É urgente desmantelar as milhões de armadilhas existentes naquela região.

Estima-se que, a cada instante, haja cerca de 13 milhões de armadilhas em áreas protegidas do Laos, Camboja e Vietname, destinados à caça de carne selvagem.

Estes dispositivos simples – maioritariamente laços – matam de forma indiscriminada um grande número de animais ameaçados, incluindo tigres, elefantes e macacos.

Num estudo divulgado este domingo, um grupo de investigadores denunciou as armadilhas profissionalmente fabricadas.

A investigação focou-se nas reservas naturais de Hue Saola e Quang Nam Saola, no centro do Vietname, que cobrem cerca de 32.000 hectares de floresta tropical.

As áreas acima referidas são críticas para a proteção de espécies ameaçadas, como o saola, um bovino raramente visto desde 2013.

Apesar da caça ser ilegal, continua a ser uma prática comum.

O líder desta investigação, Andrew Tilker, do Instituto Leibniz para a Investigação Zoológica e da Vida Selvagem, explica à New Scientist que a maior parte da caça naquela região se destina a restaurantes e mercados de animais selvagens, em vez de – na melhor das hipóteses – se basear na subsistência local.

“Muitas pessoas pensam que a caça furtiva é, por defeito, feita por pessoas economicamente pobres que procuram comida. Não é o caso no Vietname. (…) Não é como se houvesse um conflito moral entre remover os laços e privar as pessoas de nutrição”, refere.

Durante 11 anos, levou-se a cabo um esforço de remoção de laços, tendo-se verificado uma diminuição do número de células com laços em 36,9%. No entanto, a equipa de investigação admite que a prática da caça pode simplesmente ter-se deslocado para áreas mais remotas das florestas ou para outras reservas.

Luong Viet Hung, da WWF Vietname, que fez parte da investigação, disse que 20 a 30% das pessoas contratadas para remover armadilhas eram caçadoras.

Há consciência de que, embora esta abordagem tenha ajudado a salvar muitos animais, continua sem resolver a enorme escala do problema em todo o Sudeste Asiático.

À New Scientist, o especialista Christopher O’Bryan da Universidade de Maastricht (Países Baixos), enfatiza que a remoção das armadilhas é extremamente importante para enfrentar este desafio.

“Embora exista toda uma lista de ameaças à vida selvagem nas áreas protegidas, a caça com laço pode ser o último prego no caixão para muitas espécies à beira da extinção no Sudeste Asiático e não só”, considera.

ZAP //

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