A sala é tão silenciosa que os visitantes começam a alucinar e ficar tontos por conseguirem ouvir os seus próprios corpos, desde o bater do coração ao pestanejar dos olhos.
A câmara anecóica dos Laboratórios Orfield, no estado norte-americano do Minnesota, destaca-se como um dos locais mais silenciosos da Terra, onde os visitantes se desafiam frequentemente a suportar o som dos ruídos internos do seu próprio corpo num ambiente que atinge níveis sonoros medidos em decibéis negativos.
Desenvolvida para absorver os ecos e minimizar o ruído, as paredes da câmara são revestidas de aço e envoltas numa caixa de aço maior, tudo dentro de uma instalação com grossas barreiras de betão.
O interior está equipado com calços de fibra de vidro castanho que retêm os sons e o chão é constituído por uma rede suspensa, aumentando ainda mais o silêncio.
Esta configuração única permite que a sala atinja uns espantosos -24,9 decibéis ponderados A (dBA) em novembro de 2021, recuperando o seu título de local mais silencioso depois de o ter perdido brevemente para uma câmara em Redmond, Washington, que registou -20,35 dBA em 2015, explica a Smithsonian Mag.
O profundo silêncio no interior da câmara leva os visitantes a ouvir sons normalmente abafados pelo ruído quotidiano, como o sangue a circular nas veias ou o pestanejar das pálpebras.
“Quando está silencioso, os ouvidos adaptam-se. Quanto mais silenciosa a sala, mais coisas se ouve. Ouvirá o seu coração a bater, às vezes poderá ouvir os pulmões, ouvir o seu estômago a roncar alto. Na câmara anecóica, você torna-se o som”, explicou Steven Orfield, fundador do laboratório, ao Daily Mail em 2012.
Esta privação sensorial pode desorientar os visitantes, tornando difícil manter o equilíbrio sem pistas auditivas, exigindo que alguns se sentem após apenas meia hora no interior e a maioria não aguenta mais de uma hora.
Para além de ser uma atração curiosa para os interessados em experimentar o silêncio extremo, a câmara serve para fins práticos.
As empresas utilizam-na para medir os níveis de ruído dos seus produtos num ambiente controlado. Por exemplo, a Harley-Davidson testou motas na câmara para garantir que são suficientemente silenciosas sem sacrificar o seu som caraterístico.
A câmara também ajuda os astronautas a adaptarem-se ao silêncio que encontrarão no Espaço.
Para o público em geral, os Laboratórios Orfield oferecem várias oportunidades para experimentar a câmara. Os visitantes podem passar uma hora na câmara com outras pessoas por 75 dólares ou optar por uma sessão privada por 400 dólares.
Além disso, há uma visita de grupo disponível por 200 dólares que inclui uma sessão de 20 minutos na câmara anecóica e explora a rica história do laboratório como um antigo estúdio de gravação que recebeu músicos lendários como Bob Dylan e Prince.
