Biologicamente falando, o sexo das alpacas é estranho. Os cientistas descobriram provas de que as alpacas machos fazem sexo empurrando o pénis até ao útero da fêmea — uma novidade entre os mamíferos.
Num estudo recente, uma equipa de investigadores apresentou evidências de que as alpacas macho engravidam as suas parceiras empurrando o pénis até ao útero da fêmea — uma técnica não documentada em nenhuma outra espécie de mamífero até à data.
Os resultados do estudo, conduzido por cientistas do Mount Holyoke College, em Massachusetts e do Programa de Estudos dos Camelídeos da América do Norte, foi recentemente publicado na PLOS One.
Os camelídeos são um grupo de mamíferos grandes, de quatro patas e dedos pares, que incluem os camelos, lamas e alpacas.
As alpacas são um importante animal de criação para os agricultores do Peru e dos países vizinhos, bem como de algumas outras partes do mundo. São criadas principalmente pelo seu velo macio, mas também pela sua carne.
A inseminação nos mamíferos ocorre normalmente no fundo da vagina, com o esperma do macho a ter de atravessar o colo do útero e depois o útero para chegar ao óvulo da fêmea nos ovidutos. Nos humanos, este local é mais conhecido como trompas de Falópio.
O pénis de alguns mamíferos, como os cães e os cavalos, pode aproximar-se muito do colo do útero e, basicamente, disparar o esperma diretamente para o útero. No entanto, mesmo nestes animais, o pénis parece penetrar apenas na vagina.
Mas os criadores de alpaca notaram que os machos de alpaca penetram muito nas suas parceiras durante o acasalamento. Os machos também são conhecidos por terem pénis muito longos e finos que terminam com uma ponta de cartilagem dura, quase como uma lança.
Estas duas observações levaram muitas pessoas a concluir que a inseminação nestes mamíferos deve ocorrer diretamente no útero, mas até agora, nota o Gizmodo, não tinham sido apresentadas provas claras desta afirmação.
Os autores do estudo conseguiram dissecar alpacas fêmeas, que estavam a ser criadas para carne, logo após terem tido relações sexuais com machos — uma a 24 24 horas após o ato. Estas fêmeas foram comparadas com as que não tinham sido montadas recentemente por machos.
Mesmo no espaço de uma hora, a equipa conseguiu encontrar esperma no interior dos ovidutos das fêmeas. Em comparação com as alpacas não montadas, os investigadores também encontraram sinais claros de penetração peniana (hemorragia) em todo o trato reprodutivo das fêmeas, chegando até ao útero.
“Utilizando alpacas fêmeas abatidas para a produção de carne, determinámos que o pénis da alpaca penetra até às pontas dos cornos uterinos, desgastando o trato e rompendo vasos sanguíneos finos”, escreveram os autores. “Todo o aparelho reprodutor feminino interage com o pénis, funcionando como uma vagina“.
Embora o sangramento encontrado nas alpacas após o sexo possa sugerir um processo de acasalamento menos amigável, não há evidências de conflito sexual na espécie.
Entre outras coisas, as alpacas fêmeas têm de cooperar voluntariamente e adotar uma posição prona (deitada de barriga para baixo) para que a penetração e o acasalamento ocorram, por vezes durante uma hora.
Em vez disso, os investigadores acreditam que a hemorragia causada pelo sexo da alpaca pode realmente ajudar as fêmeas a engravidar, talvez desencadeando uma resposta inflamatória de curto prazo que ajuda o óvulo fertilizado a aderir à parede uterina.
Por isso, por mais estranho que o sexo das alpacas possa parecer, aparentemente funciona muito bem para elas, dizem os autores do estudo.