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As grandes cidades chinesas estão a afundar-se “rapidamente”

Em 2120, 22 a 26% das terras costeiras da China poderão ficar submersas, diz novo estudo, que destaca cinco regiões-chave onde se concentra a subsidência grave.

Quase metade das principais cidades chinesas está a sofrer um afundamento significativo dos solos, de acordo com um estudo recente publicado na revista Science.

Cerca de 16% destas cidades estão a afundar-se a ritmos alarmantes, superiores a 10 milímetros por ano.

O fenómeno está associado à subida do nível do mar provocado pelas alterações climáticas e constitui uma grave ameaça para as regiões costeiras.

Estima-se que, em 2120, 22 a 26% das terras costeiras da China poderão ficar submersas, afetando dezenas de milhões de habitantes.

O estudo, liderado por Tao Shengli da Universidade de Pequim, recorreu a radares de satélite para monitorizar as alterações de altitude em 82 cidades chinesas com mais de dois milhões de habitantes.

A investigação destaca cinco regiões-chave onde se concentra a subsidência grave, com impacto tanto nas zonas costeiras como nas interiores. Cidades como Pequim, Fuzhou, Hefei, Xi’an e outras em regiões menos povoadas do sudoeste, como Kunming e Guiyang, também estão a enfrentar estes desafios.

“Estas cidades não são tão densamente povoadas ou industrializadas como algumas outras partes da China, mas continuam a registar subsidência significativa”, afirma Ding Xiaoli, geodesista da Universidade Politécnica de Hong Kong.

Um dos principais fatores para a grave subsidiência é a extração de águas subterrâneas, que tem representado um problema de longa data no desenvolvimento urbano em todo o mundo.O peso dos edifícios e a profundidade do leito rochoso por baixo deles também influenciam a taxa de subsidência.

Curiosamente, o estudo refere que as estruturas mais pesadas, como os arranha-céus, afundam-se mais lentamente devido ao facto de as suas fundações atingirem camadas rochosas mais profundas e estáveis.

O estudo sugere que, para além do controlo da extração de águas subterrâneas, os sistemas de diques podem ser uma solução económica para gerir eficazmente a dupla ameaça da subsidência e da subida do nível do mar.

Esta abordagem poderá ajudar a mitigar alguns dos impactos mais imediatos, embora seja necessária uma estratégia a longo prazo para abordar as causas subjacentes à subsidência e gerir as implicações mais vastas das alterações climáticas.

“A chave para resolver o problema da subsidência das cidades chinesas poderá residir no controlo sustentado e a longo prazo da extração de águas subterrâneas”, afirma o documento, citado pela revista Nature.

Exemplos históricos de cidades como Tóquio e Xangai demonstram tanto a gravidade da subsidência não controlada como o potencial para a atenuar. Tóquio reduziu drasticamente a sua taxa de subsidência de 240 mm na década de 1960 para cerca de 10 mm por ano através de regulamentos rigorosos de extração de águas subterrâneas; Xangai reduziu significativamente o seu afundamento desde meados do século XX.

À medida que as áreas urbanas continuam a afundar-se e o nível do mar a subir, prevê-se que as cidades costeiras de todo o mundo, incluindo as da China, enfrentem riscos acrescidos de inundação.

Já está a acontecer na costa leste dos EUA: cidades como Nova Iorque, Nova Jérsia e Baltimore estão a afundar-se, incluindo em zonas com infraestruturas essenciais, como aeroportos e estradas. O afundamento é até mais rápido do que a subida das águas do mar.

Esta situação é claro agravada pelos efeitos das alterações climáticas, como a alteração dos padrões de precipitação, que conduzem a secas mais frequentes e, consequentemente, a uma bombagem mais intensa de águas subterrâneas.

ZAP //

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