A situação é muito tensa mas o pior ainda virá: Rússia tem (outro) problema por resolver

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Governo do Cazaquistão / EPA

Cheias no Cazaquistão

Rússia e Cazaquistão muito afetados pelas cheias, especialmente ao longo do terceiro maior rio na Europa. “Mas o importante é encobrir”.

As cheias estão afetar milhares e milhares de pessoas na Rússia e no Cazaquistão, nesta semana.

Mais de 100 mil pessoas já foram evacuadas e acumulam-se os protestos contra as autoridades locais.

A água continuou a subir na terça-feira nas zonas atingidas pelas cheias, nomeadamente ao longo do rio Ural, e as autoridades esperavam um novo pico hoje, quarta-feira.

O rio Ural, o terceiro maior da Europa, com mais de 2.400 km de comprimento, corre da secção sul dos Montes Urais para a extremidade norte do Mar Cáspio, através da Rússia e do Cazaquistão.

Em Orenburg, nos Urais, o nível da água atingiu quase 10 metros: 978 centímetros, segundo o centro meteorológico da cidade, depois de ter ultrapassado “o limiar crítico” de 930 cm na terça-feira à noite.

O anterior recorde de 946 cm datava de 1942, segundo a AFP. Aliás, o presidente do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, já admitiu que estas cheias podem ser o maior desastre do país ao longo dos últimos 80 anos.

“Este é um sinal de que a situação das inundações em Orenburg é extremamente perigosa”, declarou o presidente da câmara da cidade de meio milhão de habitantes, Sergei Salmin.

De acordo com o Ministério das Situações de Emergência russo, mais de 10.500 casas foram inundadas e mais de 6.500 pessoas foram retiradas das regiões russas dos Urais e da Sibéria Ocidental.

As inundações são causadas por fortes chuvas combinadas com a subida das temperaturas, o aumento do degelo e a quebra do gelo de inverno que cobre os rios.

Não foi estabelecida qualquer relação com as alterações climáticas, mas os cientistas acreditam que o aquecimento global está a favorecer fenómenos meteorológicos extremos, como as chuvas fortes que provocam inundações.

Putin e o Presidente do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, falaram ao telefone na terça-feira e concordaram em ativar o trabalho de coordenação dos esforços de socorro e das previsões dos meteorologistas, segundo o Kremlin.

Mais a leste, as autoridades da região de Kurgan ordenaram a evacuação de várias aldeias no rio Tobol.

No total, 62 localidades estavam na zona de risco, de acordo com o Ministério das Situações de Emergência da Rússia.

A região de Tyumen, na Sibéria ocidental, também esperava níveis recorde, tendo declarado o estado de emergência na segunda-feira.

A cidade mais afetada até agora, Orsk, na região de Orenburg, ficou debaixo de água no fim de semana após a rutura de uma barragem.

Na segunda-feira, realizaram-se manifestações no local, com os residentes a pedirem contas às autoridades, apesar das ameaças do Ministério Público regional contra qualquer concentração ilegal.

A opositora exilada Julia Navalnaya, viúva do ativista Alexei Navalny, que morreu numa prisão russa em fevereiro, denunciou a falta de preparação das autoridades e disse que “o Estado deve estar ao serviço do povo”.

“Os presidentes de câmara, os governadores e o Presidente devem fazer do país um lugar agradável para viver. É essa a sua única função. E este Governo não o está a fazer”, denunciou.

Yulia Navalnaya atirou ainda: “Isto é como nos tempos da União Soviética: quando há uma catástrofe, a prioridade é encobri-la“.

No Cazaquistão, “foram socorridas 96.472 pessoas” desde o início das cheias, disse hoje o Ministério das Situações de Emergência cazaque.

As regiões mais afetadas situam-se no oeste e no norte do enorme país da Ásia Central que faz fronteira com a Rússia.

A presidência da Rússia reconheceu nesta quarta-feira a gravidade das cheias no país e disse que o Presidente Vladimir Putin está a par da situação, mas não tem planos para visitar as zonas afetadas.

Tensão, previsões

“A situação é muito, muito tensa“, admitiu o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, aos jornalistas em Moscovo, citado pela agência francesa AFP.

Peskov disse que as previsões eram desfavoráveis e que o nível da água continuava a subir.

Tal como refere a CNN, o pior ainda está para vir nestes dois países.

Referiu que Putin não tinha planos para visitar as áreas afetadas, mas estava a ser informado sobre a situação e a assistência prestada às pessoas nas zonas afetadas. “Embora ele não esteja fisicamente presente, ele está constantemente presente neste tema. Ele lida constantemente com essas questões ao longo do dia”, disse Peskov.

“Há uma receção constante de informações sobre os assuntos na zona de cheias”, afirmou, citado pela agência russa TASS.

ZAP // Lusa

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5 Comments

  1. Essa mulher só engana os muito fáceis de ser enganados. Diz ela que a Rússia está a “encobrir” a catástrofe, e que não faz “nada” pelo povo lá. Se estivesse mesmo a encobrir, tais notícias a mostrar essa catástrofe não estava a ser mostrada nos telejornais- tanto da própria Rússia quanto dos ocidentais. Assisto o canal russo estatal e estão quase 24 horas a falar sobre a catástrofe, a mostrar a catástrofe, a mostrar Putin a cobrar dos governadores ações, a liberar milhares de milhões de rublos para indemnizar e reconstruir. Onde estava essa mesma senhora nas chuvas que aconteceram na Alemanha, Bélgica e Luxemburgo, que mataram mais de 100 pessoas e muitas pessoas que perderam suas casas ainda não receberam ajuda até hoje em 2024??? É tanta mentira, é tanto cinismo, que acreditam eles mesmos nas mentiras que contam!!!

  2. O todo poderoso putin não vai. Quem tem cu tem medo. Não venha de lá uma encharcada e o leve rio abaixo. Não se perdia nada. Ditadores não obrigado

  3. Dimas, tens toda a “razao”, deve ser por isso que o Povo ja se esta a manifestar na Rua, apesar de serem avisados que podem ser detidos!!!!!!, ja agora, na Lemanha, Luxemburgo e Belgica, voce viu o Povo a manifestar-se na Rua e a exigir que os Governos facam algo para resolver o assunto??!!!!!, talvez tenha visto isso num canal Russo…

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